No âmbito da comemoração do Dia Mundial da Bicicleta, são revelados os resultados da investigação sobre o uso da bicicleta por crianças, realizada pela Associação Patrulheiros, no âmbito do Programa Operacional Pedalar Pré-Escolar (PréPOP). Com sede na Trofa, em Águeda, a associação realizou um estudo piloto PréPOP, acerca da utilização que os mais novos fazem da bicicleta. O estudo baseia-se no Programa Operacional Pedalar, realizado em Albergaria-a-Velha em conjunto com a agência de mobilidade NunoZamaro Indústrias. O programa conta já com um histórico de cinco anos e mais de sete mil alunos envolvidos.
O estudo concluiu que os três anos são a idade ideal para os mais novos se começarem a aventurar sobre duas rodas. No entanto, falta apoio e incentivo parental, já que 50% das crianças disseram não usar a bicicleta por falta de apoio de um adulto, e 70% confessam que os pais também não são utilizadores deste meio de transporte.
Foi também analisado o papel dos adultos na transmissão dos valores da segurança rodoviária. Neste aspeto, as crianças do 1.º ciclo afirmaram que os adultos atendem o telemóvel enquanto conduzem viaturas, levando-o, em 60% dos casos, diretamente ao ouvido, e também que a maioria não utiliza nem incentiva a utilização de equipamentos de proteção como o capacete, ao andar de bicicleta.
Conclui-se ainda que a escola tem um papel fundamental na transmissão de informação sobre o transporte ciclável, e na postura dos mais novos perante esta forma de mobilidade. Num projeto com o município de Albergaria-a-Velha que envolveu 80 crianças, chegou a ser visível que a bicicleta é também um meio de combate ao bullying. “Vimos turmas inteiras a aplaudir os colegas que não sabiam andar e se esforçavam para o fazer, provando que a bicicleta cria afetos e um efeito anti-bullying”, afirma José Nuno Amaro, líder do projeto e especialista no universo da mobilidade ciclável. Foram também criados equipamentos específicos e bicicletas adaptadas para crianças com necessidades educativas especiais, que provaram dominar as duas rodas igualmente bem.
As famosas “bicicletas com rodinhas” têm vindo a ser um divisor de opiniões. Nesse sentido, integraram também elas, o estudo que provou que, ao contrário do que se possa pensar, elas não são uma grande ajuda na adaptação das crianças à utilização bicicleta. “Percebemos que as crianças utilizadoras de bicicletas com rodas de apoio desistem mais rapidamente de utilizar uma bicicleta normal. No entanto, o mesmo não acontece com os mais pequenos que usam uma balance bike , tendo uma transição mais orgânica para a bicicleta quando atingem a estatura limite”, explica José Nuno Amaro.