Podia ter sido uma aula igual a tantas outras - com um professor a falar, uma apresentação a passar no ecrã e tempo para perguntas e respostas -, mas não foi. Na sala 30B.3.31 do Departamento de Ciências Médicas da Universidade de Aveiro, assistia-se, na manhã desta terça-feira, à primeira aula do novíssimo curso de Medicina. Um mestrado integrado (com a duração de seis anos) que pretende contribuir para o “desenvolvimento de profissionais de saúde capazes de resolver os desafios clínicos presentes e futuros”. Às 9h00 deste 17 de setembro de 2024 era assim dado o pontapé de saída para o surgimento dos primeiros 40 médicos formados pela Universidade de Aveiro.
Alexandre Costa, 18 anos, era um dos alunos rendidos à ideia de estar entre os primeiros. Apesar de a UA não ter sido a sua primeira escolha – por ser do Porto, tentou primeiro colocação na sua cidade -, agrada-o a ideia de estar a frequentar “um curso completamente novo”. O mesmo acontece com as alunas Raquel Moreira, de Espinho, e Margarida Gândara, de Gondomar, que depois de assistirem às primeiras horas de aulas estavam com “uma motivação extra”. “Somos os pioneiros neste curso”, vincavam.
Do Alexandre, da Raquel, da Margarida e dos restantes 37 alunos, Firmino Machado, diretor do Mestrado Integrado em Medicina da Universidade de Aveiro, espera que “sejam capazes de responder aos desafios do futuro e não só os desafios do presente. É nisso que acreditamos, que estamos a treinar médicos que sejam capazes de inovar, de ser irreverentes, de pensar e trabalhar de forma diferente. Isso materializa-se em aspetos como a capacidade de nos atualizarmos ao longo da vida, de perguntarmos qual a melhor evidência em cada momento e de que forma podemos pô-la pormos ao serviço do utente”.
Para Firmino Machado, a quem coube abrir a aula inaugural deste novo curso, “outro aspeto fundamental é a criatividade e isso parte da matriz identitária da Universidade de Aveiro. A capacidade de trabalharmos com diferentes áreas do saber, diferentes disciplinas para produzir respostas inovadoras, criativas, irreverentes para as necessidades da nossa população. Esperamos que a engenharia, a física, os materiais, a robótica e a ciência de dados, juntamente com a medicina, possam criar soluções novas para responder aos desafios emergentes. E isso é algo que iremos utilizar para estimular os estudantes, garantindo que não criamos uma caixa hermética do curso de Medicina, pelo contrário, incluímos o cidadão e as outras áreas da academia”.