Qualidade do que é solidário. Sentimento que leva alguém a tentar ajudar outro ou outros ou a compartilhar o seu infortúnio. Reciprocidade ou consonância de ideias, de obrigações ou de interesses entre os membros de grupo, comunidade ou entidade (exemplo: solidariedade institucional). Dependência mútua. Direito ou obrigação de exigir ou assumir o que se deve a todos. São estas as definições que o Dicionário Priberam da Língua Portuguesa elenca para a palavra “solidariedade”. Em Aveiro, podíamos somar-lhes um sinónimo: Florinhas do Vouga. A Instituição Particular de Solidariedade Social (IPSS) presta apoio, diariamente, a cerca de 350 pessoas, com respostas sociais que vão da educação à intervenção comunitária. Está prestes a celebrar 85 anos de existência e de trabalho em prol da comunidade. Faz a festa com todos, a 3 de outubro, numa gala que terá lugar no Teatro Aveirense.
Para João Maia Marques, presidente da direção, a celebração impõe-se, acima de tudo, para as pessoas que a instituição fundada a 6 de outubro de 1940, por iniciativa do Bispo D. João Evangelista de Lima Vidal, apoia. “Recebemos toda a gente de braços abertos”, destaca o responsável máximo por esta instituição cujos valores se baseiam “na caridade, inclusão, qualidade, inovação e sustentabilidade ambiental”. “Apesar de ser uma instituição diocesana, não perguntamos qual é a religião das pessoas a quem prestamos apoio. Inclusive temos trabalhadores que são de outras confissões”, faz questão de assegurar o presidente.
Falar das Florinhas do Vouga é falar do apoio que é prestado aos sem-abrigo, aos toxicodependentes, aos idosos e também às crianças. A instituição tem valências na área da educação (creche, pré-escolar, centro de atividades de tempos livres) e também na área social, com estrutura residencial para idosos, apoio domiciliário, balneário, lavandaria e vestiário, centro comunitário (com refeitório, espaços lúdico e formativo), além de acompanhamento social, apartamentos partilhados e o projeto Giros. João Maia Marques reconhece que, nos tempos atuais, grande parte do foco da instituição vai para os idosos. “As pessoas da terceira idade estão a passar por maus bocados. Não só porque têm rendimentos baixos, mas também porque, como felizmente temos uma longevidade maior, os problemas de saúde são terríveis. E, portanto, as famílias não conseguem aguentar”, testemunha.
Outra das franjas que continua a absorver grande parte do trabalho da instituição, são “pessoas em idade produtiva”, mas com graves problemas sociais, como é o caso dos sem abrigo. “Temos uma resposta chamada apartamentos partilhados, em que acolhemos os sem-abrigo para ver se ainda os conseguimos ressocializar e inserir no trabalho e na família. Temos muitos casos em que as famílias esgotaram as suas forças”, refere, a propósito da valência que tem capacidade para acolher dez pessoas.
A este apoio soma-se também a cozinha social, o balneário, lavandaria e vestiário, que permitem garantir necessidades básicas de higiene e alimentação.
Por semana, serão cerca de 40 pessoas a recorrer a estes serviços do centro comunitário de Santiago, bairro onde a instituição tem vindo a desenvolver um trabalho notável, não obstante ter as suas variadas respostas dispersas por vários edifícios. Concentrá-las num só espaço, nota Raquel Madureira, tesoureira da instituição, “é um sonho”, por todas as vantagens que isso pode trazer ao nível da otimização de recursos e qualidade do serviço. Quem sabe se essa não pode ser uma prenda para a instituição? “Pode ser algo a pensar-se para os 100 anos”, admite aquela responsável.