A caravela Vera Cruz largou ontem do Cais do Sal, em Aveiro, dando por terminada a sua estadia de nove dias na cidade. Durante este tempo, a embarcação pertencente à Aporvela recebeu mais de 10 mil visitantes, número que ultrapassou, em larga escala, as expetativas da associação de treino de vela. “Logo no primeiro dia, tivemos mais de 3.100 visitas”, introduz Filipe Costa, comandante da embarcação, destacando o reconhecimento manifestado pela população de Aveiro ao longo dos dias em que a Vera Cruz esteve aberta a visitas. “Para a tripulação da caravela, que é toda ela voluntária, é uma demonstração de carinho que não esquecemos”, nota.
Mais do que uma embarcação de treino de vela, a Vera Cruz é “um museu vivo”, atendendo a que é uma réplica exata das antigas caravelas usadas pelos portugueses na Era dos Descobrimentos - esta que é a terceira réplica de uma caravela encomendada pela Aporvela, foi mandada construir para a comemoração dos 500 anos do Descobrimento Brasil, no ano 2000.
“A caravela é o que costumamos chamar de ´nave espacial´ do século XV. Os portugueses iniciam a sua expansão marítima devido ao maior segredo de Estado que tivemos na história portuguesa, que foi a construção das caravelas, primeiro barco com dimensões oceânicas que podia navegar sempre e com qualquer tipo de vento”, declara Filipe Costa. A bordo, é possível encontrar uma série de painéis informativos, alusivos à embarcação e aos Descobrimentos, razão pela qual a caravela acaba por suscitar sempre grande interesse junto da população escolar.
Depois de largar de Aveiro, a caravela não irá ficar muito tempo amarrada ao seu cais habitual, em Lisboa. “Daqui a 15 dias, voltamos à Ria de Aveiro, mais concretamente a Ílhavo, numa viagem em que voltamos a embarcar cidadãos locais e também a abrir a visitas”, anuncia o comandante. O planeamento para este verão contempla ainda viagens a Vigo, em Espanha, e também ao Porto, Peniche e Berlengas. “Onde quer que o convidem, este barco gosta de ir”, nota Filipe Costa, lembrando que a caravela também é presença habitual em portos internacionais. “Navegamos pelo mundo todo. Somos uma embaixada móvel, um bocadinho de Portugal que vai a vários portos. Ainda no ano passado fomos a Armada de Rouen, em França”, frisa.