“Foi uma experiência incrível. Comparativamente ao Europeu de Sub-18 – competição em que também participei, em 2021 – era completamente outro nível. O profissionalismo que é exigido numa prova destas é imenso”, conta Xavier Barbosa, que não esconde a emoção de ter feito parte desta jornada. “Formámos um coletivo extraordinário, unido, que sempre acreditou que o ouro era possível. Apesar da derrota na final, acabámos por fazer história para a Seleção portuguesa. Todos saímos da Polónia cientes de que tínhamos dado o nosso melhor, e isso é o mais importante: jogadores felizes e público orgulhoso”.
O feito não passou despercebido ao município de Estarreja que, a 11 de julho, recebeu o atleta nos Paços do Concelho, reconhecendo publicamente o mérito de quem, além de defender as cores nacionais, nunca deixou de representar com orgulho a sua terra. “Tenho sentido algum reconhecimento público, desde logo, pela câmara municipal de Estarreja, mas também por outras entidades”, admite o jovem.
A prata conquistada na Polónia é um símbolo de um caminho bem trilhado, mas também um ponto de partida para novos desafios. “Acho que devo encarar esta medalha como um fator de motivação para fazer mais e melhor no futuro. E já nesta próxima época, em que continuarei a representar a Artística de Avanca, é esse o meu objetivo”. O clube, por sua vez, continua a ver nele um dos rostos do seu projeto sénior, resultado de uma formação contínua que, ao longo dos anos, o moldou como atleta e pessoa.
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Xavier Barbosa está prestes a concluir a licenciatura em Engenharia e Gestão Industrial na Universidade de Aveiro. “No primeiro ano de licenciatura, não foi nada fácil [gerir a carreira desportiva com o percurso académico], e o meu rendimento acabou por sofrer com isso. Mas a partir daí consegui organizar-me de forma a conciliar as duas coisas”. Este esforço revela-se tanto no campo como nos estudos, onde Xavier Barbosa reconhece a utilidade de muitas competências transversais. “Às vezes comparo o andebol à universidade. O desporto coletivo ensina-nos muito sobre trabalho em equipa, mas também sobre estudo. Hoje percebo que no andebol de alta competição também é preciso estudar – as jogadas, as equipas adversárias, estudares-te a ti próprio...”.
O futuro ainda está em aberto. Xavier Barbosa admite que, terminado o curso, poderá abraçar novas oportunidades no andebol ou, se tal não acontece, seguir para o mestrado. “Se surgir alguma oportunidade, seria com todo o gosto que agarraria a hipótese de dar o salto na minha carreira, jogar num clube maior e, quem sabe, lá fora. Mas sempre com os pés bem assentes na terra”.
Num desporto onde os resultados são construídos ao longo de gerações, Xavier Barbosa acredita na evolução do andebol português. “Temos ficado sempre pelo pódio. Acho que estamos no caminho certo. Um dia, a conquista chegará. Todos nós competimos a alto nível e temos mentalidade vencedora”.
A quem sonha seguir-lhe os passos, o conselho é simples: “Não desistam, continuem sempre a trabalhar. Fiquem com as referências dos jogadores que gostam e admiram. Tentem imitá-los, seja na mentalidade, algo que eles façam...”. Ele próprio cresceu a admirar figuras como Ivano Balić, lenda croata da sua posição, e o dinamarquês Mathias Gidsel, que considera o melhor da atualidade, bem como Cristiano Ronaldo, “cujo trabalho, dedicação e mentalidade ganhadora eu aprecio bastante”.
A história de Xavier Barbosa é, em última análise, um testemunho de como o talento e a perseverança, o apoio familiar e o enraizamento numa comunidade forte podem levar longe um jovem atleta. A Artística de Avanca, clube que o viu crescer, continua a ser o seu porto seguro, e Estarreja orgulha-se do jovem que, com humildade e ambição, carrega o nome da terra para os palcos internacionais.
Entre o peso da camisola da Seleção e o carinho da camisola da Artística, entre as responsabilidades da universidade e os treinos que terminam noite dentro, Xavier Barbosa continuará a trilhar um caminho firme e promissor.