Na semana em que o Governo deu luz verde para avançar com a criação do Aeródromo Municipal de Aveiro, a câmara municipal escolheu o “hangar dos hidroaviões do Regimento de Infantaria 10, em São Jacinto, para apresentar a programação da Capital Portuguesa da Cultura para os meses de outubro, novembro e dezembro.
Num trimestre dedicado à ligação do município à tecnologia, elemento fundamental da identidade de Aveiro e dos aveirenses, o objetivo passa por “pensar o presente e imaginar o futuro”. Ribau Esteves explica que a programação para este trimestre “procura cultivar e dar expressão à tecnologia, não exatamente como fetiche ou modernice, mas como um instrumento de cultura e desenvolvimento que é cada vez mais importante na vida de todos nós”. “[A tecnologia] aparece-nos em tudo e temos de cuidar enquanto instrumento positivo, que nunca substitui o homem (...) e que só faz sentido enquanto estiver ao serviço do Homem”, entende o autarca, confiante que “o quarto trimestre contribuirá para o balanço muito positivo que fazemos desta operação”.
Um dos maiores destaques será a Aveiro Tech Week (de 30 setembro a 6 de outubro), um evento que, além da apresentação de soluções tecnológicas, exposições, a realização de debates, workshops e sessões de gaming, incorpora o festival PRISMA/Art Light Tech (de 2 a 5 de outubro), que promete apresentar vários projetos inovadores, como é o caso da estreia da instalação artística “Mise em Abyme”, da britânica Vicki Bennett (conhecida como People Like Us), patente no Museu de Aveiro / Santa Joana de 2 a 20 de outubro. Outra instalação de especial relevo nestes meses ocupará a Sala Estúdio do Teatro Aveirense ente os dias 19 de outubro e 2 de novembro – “House Of The Wind”, de John Luther Adams e Diogo Aguiar.
Outro dos momentos altos será o evento de encerramento da Aveiro Capital Portuguesa da Cultura (29 de dezembro), com uma sessão protocolar – com um concerto da pianista Marta Menezes – e um “grandioso” espetáculo, na Avenida Dr. Lourenço Peixinho, criado pela companhia de teatro alemã Theater Titanick e intitulado “Cenários Infinitos”, avança José Pinta, diretor do Teatro Aveirense e responsável pela programação de Aveiro2024, garantindo que “nada termina aqui”. “É só mais uma etapa naquilo que tem sido o nosso processo de evolução e afirmação de Aveiro como uma referência nacional na programação, criação e salvaguarda do seu património cultural”, assegura Pina.
“Vamos contar com 17 estreias absolutas, 20 estreias nacionais e uma série de espetáculos com um envolvimento muito forte da comunidade artística local”, antecipa o programador.
No que concerne à música, há que ter em atenção a apresentação dos Tindersticks (10 de novembro, no Teatro Aveirense) e o regresso de Jorge Cruz aos palcos, num concerto único com uma série de convidados (21 de dezembro, no Teatro Aveirense).
Quanto às artes performativas, as atenções voltam-se para o espetáculo “O Meu Corpo Não é Só Uma Instância”, de Yola Pinto e Simão Costa (15 e 16 de novembro, no Teatro Aveirense), “1984 de George Orwell”, dos Artistas Unidos (8 e 9 de novembro, no Teatro Aveirense), Una Isla, da companhia de teatro Agrupación Señor Serrano (13 de dezembro, no Teatro Aveirense), e “Há Qualquer Coisa Prestes a Acontecer”, de Victor Hugo Pontes (6 de dezembro, no Teatro Aveirense).
Até ao final do ano, sublinha-se ainda a apresentação do projeto literário “De Alexandria ao Século XXI: a Biblioteca Digital”, de Maria Beatriz Marques (12 de outubro, Atlas Aveiro) e o lançamento do livro “Atlas Visual da Europa”, encomendado pelo município a Gonçalo M. Tavares; a exposição “There is a Crack in Everything, That’s How the Light Gets In”, de Fatinha Ramos (9 de novembro a 26 de janeiro de 2025, na Galeira da Antiga Capitania) e uma mostra de obras de Paula Rego (14 de novembro a 19 de janeiro de 2025, no Museu de Aveiro/Santa Joana) e ainda uma conferência sobre teatro de infância (2 de outubro, no Centro de Congressos de Aveiro) e outra sobre “Cultura e Tecnologia” (13 de dezembro, no Centro de Congressos de Aveiro).
Nesta sessão de apresentação, Ribau Esteves sublinhou ainda as operações de reabilitação de vários edifícios municipais, realçando a intervenção programada para o edifício do antigo magistério primário e, mais tarde, biblioteca municipal, que vai dar lugar ao ainda denominado museu da bienal de cerâmica artística – deverá ser lançado concurso público nas próximas semanas –, bem como a requalificação do Centro Cívico de Aradas, um equipamento a inaugurar nos primeiros dias de outubro, que não só virá dar nova vida a um edifício há muito abandonado, como ainda servirá de nova casa para a Orquestra Filarmonia das Beiras.