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Tiago Lourenço: “O desporto universitário precisa de ter palco próprio”

Atletas Ler mais tarde

Educação, gestão e desporto são os principais pilares que definem o percurso de Tiago Lourenço. 

Afonso Ré Lau

Natural da Gafanha da Nazaré, este professor de Educação Física passou grande parte de quase três décadas de carreira fora da sala de aula, em funções de direção e administração escolar e, mais tarde, como vereador da câmara de Ílhavo. Há pouco mais de um ano, assumiu a coordenação do Núcleo de Desporto e Lazer da UA – Universidade de Aveiro –, abraçando a missão de profissionalizar o desporto universitário, torná-lo mais visível e acessível, e transformá-lo num fator de atração e sucesso académico.

Apesar de ter crescido a brincar na rua, só no final da adolescência encontrou no basquetebol – com “dois pés esquerdos”, conta nunca ter tido queda para o futebol – a sua primeira prática desportiva regular. A construção de um pavilhão desportivo municipal com tabelas na Gafanha e a febre televisiva da NBA ajudaram a abrir o caminho. Participou nos primeiros treinos e ajudou a criar a secção de basquetebol do GDG – Grupo Desportivo da Gafanha –; viveu derrotas pesadas (como a do jogo de estreia, em São João da Madeira), mas aprendeu a transformar insucessos em alavancas; foi atleta federado durante uma época e meia, formou-se treinador, assumiu a direção da secção e dinamizou torneios e campos de férias; mais tarde, já adulto, ajudou a juntar “velhas guardas” e novas gerações numa equipa Masters que viria a sagrar-se vice-campeã nacional.

Mas a ligação de Tiago Lourenço ao desporto também é feita na água: na juventude, foi nadador-salvador na Praia da Barra – para si, o mais alto patamar é poder dizer que salvou vidas – e timoneiro campeão regional de remo pelo Clube dos Galitos, em Aveiro. 

Todas estas experiências, cruzadas com o olhar de gestor público, viriam a inspirar iniciativas de prevenção e sensibilização para a segurança balnear ou a instalação de equipamentos de prática desportiva informal, como os campos 3x3 de basquetebol, um deles com homenagem urbana a dois talentos formados na Gafanha: Joana Soeiro e Francisco Amarante.

Chegado à Universidade de Aveiro em 2024, após concurso público e na sequência de uma decisão política de retirar o desporto da esfera dos Serviços de Ação Social para o colocar sob a alçada da Reitoria, Tiago Lourenço encontrou um grande desafio. “O desporto universitário precisa de ter palco próprio, orçamento, equipa e estratégia. É tempo de lhe dar esse estatuto dentro da Universidade”, explica. O Núcleo de Desporto e Lazer assumiu duas frentes: organizar o desporto competitivo universitário, em parceria com a AAUAv - Associação Académica da Universidade de Aveiro –, e massificar a atividade física de recreação e promoção do bem-estar junto de estudantes, docentes, funcionários e comunidade envolvente.

O primeiro ano foi para “arrumar a casa”, consolidar equipa e abrir portas. A Nave Multiusos – Caixa UA, o Pavilhão Aristides Hall, o Relvado Sintético do Crasto e a Pista de Atletismo passaram a acolher treino, competição e eventos diversos, nacionais e internacionais. A UA tem sido quartel-general de estágios de seleções jovens de basquetebol e recebeu, pela primeira vez em Portugal, um evento dos Special Olympics, com cerca de 300 atletas com deficiência intelectual. Ao mesmo tempo, reforçou-se a articulação com clubes e associações locais, fomentando uma agenda que procura retorno desportivo, social e financeiro.

 

 

Os números ajudam a medir o pulso: entre 1 de setembro e 15 de agosto, 1.282 utentes passaram pelas instalações desportivas (891 estudantes, 161 membros da comunidade universitária e 230 externos), um crescimento de 25% face a 2023-24. A Taça UA – “a maior competição intercursos do país”, premiada pela FADU – mobilizou cerca de 2.500 estudantes. Na vertente competitiva universitária, a UA alcançou, em 2024-25, os 3.000 pontos no Troféu Universitário de Clubes, o melhor registo das últimas seis épocas, terminando em 5.º lugar entre 92 clubes. Foi também época de europeu: as equipas de basquetebol feminino e masculino competiram em Bolonha (com 8.º lugar para os homens), o futebol 7 feminino jogou em Camerino e trouxe o prémio fair play, o remo esteve em Bydgoszcz, o kickboxing em Varsóvia (prata para Rodrigo Marques), e houve representação nos Desportos de Praia, em Granada.

No topo da pirâmide, a UA cimenta a aposta na carreira dual. Nos últimos três anos letivos, o Estatuto de Estudante-Atleta foi atribuído a 446 estudantes – 228 reconhecimentos e 64 bolsas de mérito desportivo apenas em 2024-25 –, um apoio que se traduz na “relevação de faltas, alteração das datas de avaliações e apresentações de trabalhos, prioridade na escolha de horários e a possibilidade de requerer exames em época especial sempre que estes coincidam com as competições desportivas”. Quando a excelência chega ao pódio, há prémios: as Bolsas de Mérito Desportivo podem ir até ao dobro do valor da propina nacional. Paralelamente, a UA integra o projeto-piloto das UAARE Superior – Unidades de Apoio ao Alto Rendimento no Ensino Superior –, com 21 estudantes-atletas de alto rendimento ou Seleção Nacional identificados, e renovou o Selo Estudante-Atleta do IPDJ para o período 2025-2027 com 89 pontos em 100 – a terceira melhor classificação nacional. No plano mais lato da saúde, a Universidade ostenta o Selo Platina do programa “Healthy Campus”.

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No que concerne à carreira desportiva e académica, o exemplo de Miguel Monteiro, ex-estudante de Engenharia e Gestão Industrial, paralímpico e hoje elemento da equipa do Núcleo de Desporto e Lazer, serve como farol interno. “Queremos que terminem o percurso académico com sucesso e atinjam o pódio de excelência”, resume. O programa conjuga incentivos com serviços – do apoio médico e nutricional à calendarização flexível – e pretende afirmar uma mensagem simples: “Queremos que os estudantes percebam que não têm de escolher entre estudar e praticar desporto: na UA, podem fazer as duas coisas com sucesso”.

A ambição, porém, não se esgota nos atletas de alto rendimento. A lista de modalidades universitárias é extensa e o Núcleo de Desporto e Lazer insiste em não deixar ninguém de fora. As ADR – Atividades Desportivas de Recreação – oferecem portas de entrada para quem quer mexer o corpo sem competir. O calendário abre-se, também, às escolas secundárias do concelho: provas como o Mega Sprint de Atletismo na pista da UA ou o voluntariado estudantil em eventos contribuem para a tal “habituação” ao Campus. A Universidade não tem curso de Desporto, lembra Tiago Lourenço, mas quer que o desporto seja um fator de atratividade académica; “que, na dúvida entre duas instituições, pese a favor de Aveiro a garantia de conciliar estudo e prática desportiva, em boas condições”, esclarece o coordenador.

Há, porém, um problema de visibilidade a resolver. O europeu universitário de basquetebol em 2024 demonstrou organização e qualidade competitiva, mas teve pavilhões vazios. “Temos qualidade, organização e resultados, mas jogamos muitas vezes com pavilhões vazios. Falta dar a conhecer o que é o desporto universitário e quem o pratica”, admite Tiago Lourenço. O plano passa por aproximar clubes, federações, escolas e academia; negociar calendários, reduzir resistências e transformar “casamentos difíceis” em colaborações produtivas. O objetivo é duplo: dar público aos eventos e criar continuidade entre desporto escolar, federado e universitário, numa lógica regional que some em vez de segmentar.

No horizonte, um desafio que pode redefinir a escala do projeto: a candidatura de Aveiro aos Jogos Europeus Universitários de 2032. Mais do que uma competição isolada, trata-se de um ecossistema de mais de dez modalidades obrigatórias (e várias opcionais), cerca de cinco mil atletas e um investimento de vários milhões de euros. Se for escolhida, a UA terá um ciclo plurianual de preparação até 2032 para articular universidade, AAUAv, FADU, municípios da região e Governo. A ambição vem com condição: “Não somos um país rico; cada evento tem de deixar legado. Se organizarmos os Jogos Europeus Universitários, terá de ficar algo no território – melhores instalações, equipamentos, equipas mais capazes e uma cultura desportiva reforçada”, insiste o coordenador.

A visão de Tiago Lourenço para o desporto na UA pode resumir-se em três verbos: massificar, qualificar, comunicar. Massificar a prática, com oferta diversificada, acessível e intergeracional, dentro e fora da academia; qualificar o alto rendimento, garantindo condições estruturadas para a carreira dual e premiando o mérito; e comunicar melhor, por dentro e por fora, para encher bancadas, captar parceiros e transformar resultados em reputação. Os indicadores de 2024-25, nomeadamente, o crescimento de 25% nos utentes, o 5.º lugar no Troféu Universitário de Clubes, as presenças e medalhas europeias, o Selo Estudante-Atleta e o Selo Platina Healthy Campus – dizem que o caminho começou e o discurso do coordenador, habituado a arranques teimosos e pontes entre mundos, ajuda a perceber a ambição. 

Aos estudantes, a mensagem é direta: o desporto não é um extra, é um pilar. A prática regular melhora a integração, a saúde, o bem-estar e desenvolve competências que contam para a vida académica – disciplina, organização, equilíbrio. Há modalidades para competir e há atividades para simplesmente estar ativo; há estatutos e bolsas para quem representa a academia e há equipas e horários para quem quer descobrir uma nova paixão pela atividade física. A UA, garante Tiago Lourenço, “tem medicamento para quase todas as necessidades”. A prescrição é simples: aparecer, experimentar, participar. E a receita, como na sua história com o basquetebol, confirma-se em campo: começar pode ser difícil, mas a persistência pode mesmo mudar o rumo do jogo. 

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