A Biblioteca Municipal de Albergaria-a-Velha está a proporcionar, até ao final de ano, uma verdadeira viagem no tempo à descoberta da história da Alba, fundição que teve grande importância durante praticamente todo o século XX, tendo impacto nacional e nas ex-colónias e exportando para a Europa e Brasil. Empregava várias gerações de famílias e foi uma verdadeira escola de ofícios para a maioria dos jovens das terras vizinhas.
Tudo começou aquando da industrialização portuguesa, passando pelo período do Estado Novo, II Guerra Mundial, Guerra Colonial, independência das colónias e Revolução dos Cravos. A empresa encerrou após a adesão à CEE/UE, devido aos efeitos da concorrência na globalização após os anos 90.
Além do emblemático banco de jardim, a indústria, oficialmente registada em 1929, tornou-se num modelo de progresso industrial, que acompanhou o evoluir dos tempos e necessidades, e foi pioneira em utensílios domésticos, mobiliário urbano e ainda construiu o primeiro e único carro totalmente português.
Distribuída por dois pisos, a exposição divide-se em diferentes polos temáticos. No átrio é possível conhecer o referido carro Alba através dos seus planos e desenhos técnicos, fotografias e um dos últimos exemplares do motor. No primeiro piso, um mapa de grandes dimensões apresenta os edifícios e zonas de relevância no percurso da Alba e da família Martins Pereira. Depois, os visitantes embarcam numa viagem no tempo, com a cronologia dos factos importantes na história da marca e exemplares dos seus produtos mais icónicos, como os ferros de engomar, panelas de três pés, bancos de jardim, fogões ou caixas de correio.
Neste espaço destaca-se, ainda, uma instalação construída a partir das fichas dos trabalhadores que passaram pela Alba e que, no total, constituem um arquivo de 4000 fichas, servindo de base para o livro “O Mundo é um Moinho – História Económica e Social de Albergaria-a-Velha no século XX”, das investigadoras Raquel Varela e Luísa Barbosa Pereira.
Para Delfim Bismarck, vice-presidente da Câmara Municipal e vereador da Cultura, “esta exposição assume especial importância por diversos fatores: Primeiro porque a ALBA é muito mais do que uma marca; Foi um modelo de progresso industrial, que atingiu um notável prestígio económico, social e cultural, não apenas na região mas em todo o país; Foi uma verdadeira escola técnico-profissional de um sem número de atividades e profissões, bem como uma das marcas pioneiras em utensílios domésticos, mobiliário urbano e acessórios diversos que marcaram o século XX português”.
A exposição comemorativa do centenário da Alba “Uma História Global” tem a curadoria de Raquel Varela, com conceção e design de Pedro Páscoa e produção de Sónia Diogo e Paulo Cardoso.
Pode visitar a exposição de segunda a sábado, durante o horário de abertura da biblioteca.