Em Santa Maria da Feira há um projeto transformador, que ganhou uma nova dinâmica depois dos períodos de confinamento e pretende mudar vidas através da arte. Até ao final deste ano, a Rede de Arte Comunitária “TransformArte”, financiada pelo NORTE 2020, vai dinamizar 1.130 oficinas artísticas com grupos vulneráveis da comunidade, nas áreas do teatro, música, dança e artes plásticas. O objetivo é que participem ativamente nos processos de criação e construção artística, enriquecendo percursos e redefinindo objetivos, ou simplesmente usufruindo da partilha e do convívio proporcionados pelas múltiplas experiências.
O sucesso deste projeto resulta de um contínuo trabalho de cooperação municipal entre os setores da Educação e Ação Social, centrando-se, por um lado, na capacitação de associações, companhias e artistas locais, e, por outro, na inclusão pela arte e no desenvolvimento de competências pessoais, sociais e profissionais de grupos vulneráveis da comunidade: pessoas com necessidades específicas de funcionalidade e incapacidade e suas famílias; população sénior em situação de fragilidade social; crianças e jovens em risco; e pessoas com doença mental.
Com uma vasta experiência, nacional e internacional, em práticas artísticas comunitárias, Hugo Cruz assume a direção artística do “TransformArte”, que iniciou em julho de 2020, fortemente condicionado pela pandemia da Covid-19, obrigando à suspensão de parte das atividades e à adaptação de outras ao formato digital. Com o alívio das restrições, esta rede de arte comunitária ganhou um novo fôlego e uma nova dinâmica, com a realização de oficinas presenciais nas diferentes disciplinas artísticas, orientadas por seis artistas profissionais: Sara Vitália e Diogo Bastos Pinho (Sótão do Vizinho Associação), Helena Oliveira, Telmo Ferreira, Emanuel Botelho e José Américo Belinha.
São 13 os grupos de trabalho envolvidos neste projeto – ACES Feira-Arouca, AMICIS, Casa dos Choupos, Casa Ozanam, CerciFeira, CerciLamas, EB Arraial (Sanguedo), EB 2,3 Coelho e Castro (Fiães), EB 2,3 Corga de Lobão, EB Feira Nº2, EB1 Lamas 3, JI/EB Cavaco (EREBAS) e Obra do Frei Gil – num total de 151 participantes que, semanalmente, até ao final de 2022, vão usufruir de visitas a exposições, oficinas temáticas e exercícios abertos, onde se cruzam disciplinas artísticas e se promove o contacto com os participantes.
E porque há tanto para transformar, todas as semanas há pessoas com doença mental, encaminhadas pelo Centro de Saúde, a trabalhar a expressão corporal e a dança, com melhorias claras ao nível da mobilidade, estabilidade emocional e funcionalidade; há idosos que combatem a solidão aprendendo instrumentos musicais; há crianças e adultos com deficiência a fazer teatro e cenografia; há jovens institucionalizados a comunicar melhor através da dança e da expressão corporal; e há pessoas da comunidade que chegam voluntariamente porque ouviram falar do projeto e querem participar. Em meados deste ano, os grupos vão partilhar as suas aprendizagens e potencialidades num espetáculo conjunto com duas apresentações públicas.
“Temos um histórico consolidado em matéria de arte comunitária, com exemplos muito bem-sucedidos de projetos genuinamente construídos pelas nossas comunidades”, sublinha o presidente da Câmara, Emídio Sousa, reiterando a importância de “prosseguir com ações de capacitação centradas na inclusão pela arte e na democratização do acesso à cultura, que envolvam as nossas gentes nos processos de criação e construção artística”.