Nasceu em Penacova, mas atualmente é, também, aveirense. Há cerca de dois anos, mudou-se para a nossa região, mais concretamente na praia da Vagueira, em Vagos, e não tem planos para sair da “melhor praia do mundo” - a classificação não é sua, mas não ousa colocá-la em causa. Aos 34 anos, António Lopes conta já com uma vasta carreira como escanção, tendo, inclusive, sido reconhecido como melhor sommelier português em 2014. A pretexto da edição deste ano do Vagos Sensation Gourmet, que acontece este fim de semana, a Aveiro Mag esteve à conversa com António Lopes, o escanção que até nem gostava de bebidas alcoólicas.
A confissão acabou por surgir já quase no final da conversa. Ninguém diria que o também detentor dos prémios Melhor Serviço de Vinhos 2015 (Revista Wine) e Arte de Sala 2015 (Academia Portuguesa de Gastronomia) chegou a ser gozado pelos colegas de faculdade por não beber, nem sequer uma cerveja, “nas noites da Queima das Fitas e da Latada”. “Não tinha prazer nenhum em beber e durante muito tempo fui gozado por não beber bebidas alcoólicas”, desvenda.
A carreira trocou-lhe as voltas, mas, ainda assim, o escanção faz questão de manter um princípio basilar: “nunca passo o limite, não me embebedo”. Tudo com conta, peso e medida, sublinha.
Da Escola de Hotelaria à Revista de Vinhos
António Lopes começou por formar-se em Gestão Hoteleira, na Escola de Turismo de Coimbra, e só mais tarde viria a tirar o curso de escanção. Passou por vários hotéis e restaurantes de referência, como é o caso do Vila Vita Parc & Resort, no Algarve, onde acabou por fazer “a transferência do serviço de sala para o mundo dos vinhos”, conta. Também esteve a trabalhar na Escócia, antes de passar pelo Conrad Algarve Hotel - onde assumiu o cargo de diretor de vinhos, que lhe valeu “um crescimento profissional e pessoal enorme”, destaca - e pelo Anantara Vilamoura, entre outros.
Atualmente, António Lopes faz parte do painel de provadores da Revista de Vinhos e trabalha como consultor de vários espaços de restauração e bebidas em Portugal, entre outros. O escanção não esconde sentir saudades do dia a dia nos restaurantes e hotéis, mas a vida pessoal obriga-o, por agora, a optar por horários trabalho mais estáveis e menos absorventes.
No seu entender, a função de sommelier já começa a ser devidamente reconhecida em Portugal, mas o fosso entre o que acontece lá fora e no nosso país é ainda grande. “Nem todos os sítios reconhecem a importância de um escanção fazer estudos, viagens a outros países, de forma regular”, exemplifica, sem deixar de notar que o cenário tem vindo a evoluir de forma favorável.
Este sábado, dia 2 de julho, António Lopes vai liderar, acompanhado de Sérgio Marques, uma prova comentada do Vagos Sensation Gourmet. Acontece pelas 18h45 e incidirá nos “métodos de abertura diferenciados e decantações”. Mais um bom pretexto para participar no festival queune os pescadores locais e os cozinheiros amadores do município aos mais conceituados chefes nacionais e internacionais.
Créditos: Revista de Vinhos