Às 19h30 de dia 20 de dezembro, será lançado, na FNAC Aveiro, Viver com Alma, um livro que, mais do que guardar palavras, inspira a "um futuro com menos camadas". O autor, José Ricardo Vidal – que estará presente no evento para "dar e receber abraços", porque "não há nada melhor do que abraçar a história real" –, sofreu um acidente de automóvel em 2009 que viria a transformar o seu mundo e a moldar a mensagem que, hoje, nos chega através do livro. Uma mensagem que não é complicada, pelo contrário: viver com Alma, sempre.
Com a simplicidade que lhe é característica, Ricardo revela, capítulo após capítulo, a sua história e as estratégias que foi arquitetando para superar os desafios que, quando tinha somente 19 anos, se ergueram, feitos montanhas, no seu percurso. É um relato com verdade dentro e, por isso, "a mensagem pode chegar a muita gente", reflete.
Dez anos depois do acidente, que fez do seu corpo um mapa – no qual se veem cicatrizes que não nega, esquece, mas aceita –, Ricardo é Coordenador de Futebol de Formação e Coach Trainer, gere a página Atitude, A Ti Tudo e é, muitas vezes, convidado para palestrar em eventos. A história que conta, diz, é a sua, mas o que desperta em quem com ela se cruza é transversal. Viver com Alma é um livro que inspira à aceitação e ao agir, num olhar atento para o núcleo que existe em cada um de nós e nos pequenos gestos para com os outros.
Um livro, uma década depois
A recuperação pós-acidente não foi fácil, garante, mas, com uma rede de suporte forte e uma vontade palpável de aceitar e preparar o futuro, Ricardo deu início a um percurso em que a aceitação serviria de veículo. "Quando ganhei consciência de que havia coisas a que não podia dar resposta", conta, "percebi que tinha de aceitar".
Começou a centrar-se no que poderia fazer com o que havia acontecido e, nesse processo, surgiu a escrita. Estes dez anos, entre o acidente e o lançamento do livro, "serviram para maturar a ideia", explica. Serviram para se questionar e perceber como poderia fazer com que a mensagem pudesse ter impacto em qualquer pessoa, em qualquer condição.
Hoje, diz-se surpreendido pela reação dos leitores, que já lhe fizeram chegar chocolates, poemas e mensagens que fazem crescer a motivação do autor. "Aquilo que eu dei na história, estou a receber dos outros", conta, e as dúvidas que tinha pertencem agora a um baú de recordações. Emerge, no seu lugar, a certeza de que todos os seres humanos conseguem encontrar pontos em comum numa história como a sua.
Um futuro com menos camadas
No livro, Ricardo diz viver "em prol de um mundo com menos camadas" e em que sentimos, mais do que vemos. "Estamos habituados a viver no mais superficial, a fugir à tristeza, mas a verdade é que, para crescermos, muitas vezes temos de mergulhar em nós próprios", explica. É necessário "tocar nesse núcleo, que gera dor" e questionarmos o porquê de nos sentirmos tristes, para podermos começar a desenhar formas de superar.
Uma das estratégias do autor, revela, é a música, não esquecendo os pequenos gestos que vai plantando em quem o rodeia – mesmo em quem pronuncia um 'bom dia' contrariado – e nos que vai recebendo. "Quando estamos mais atentos a nós mesmos, conseguimos estar mais atentos aos outros". "Um sorriso, um gesto, um olhar" bastam para que a ordem das coisas pareça justa e ajustada.
Os abraços que vêm com o livro
Página a página, as pessoas... "sentem-se insaciadas", completa Ricardo, que conta que os leitores têm devorado o livro em poucos dias, sedentos de mais páginas desta história.
Depois de ler este livro, as pessoas... "sentem-se inspiradas e motivadas para a ação". A semente é lançada: a responsabilidade é, depois, do leitor para abraçar o desafio de tornar palpáveis as suas ações.
Quem se atrever a ir conhecer o autor... "fica eternamente ligado".
O convite para dia 20 não é para que as pessoas comprem o livro apenas para colocar nas prateleiras, mas sim para "dar e receber um abraço", gesto que Ricardo diz ser dos mais fortes que existem. Um gesto sem obstáculos, mais próximo – tal como a mensagem do livro que traz a Aveiro: é urgente que abracemos as histórias que nos compõem e vivê-las com alma.
Ricardo acredita que "a felicidade vem do ser e não do ter" e que nós, humanos, "somos, por defeito, felizes". "Na essência", partilha, "sou feliz". Talvez por isso a sua presença se sinta tão presente. Talvez por isso seja importante a mensagem que irá ecoar na FNAC.
Artigo escrito com a colaboração de Ana Ramos, autora do blog Amanhã Descanso