Fundada em julho passado, a Confraria do Cultivo do Arroz de Estarreja (CCAE) celebra a cultura do arroz e esta prática tão importante para a região. Propondo-se a ser um espaço de troca de ideias e experiências para promover as tradições que lhe estão associadas, este projeto foi idealizado por José Alberto Marques, no qual o cultivo do arroz se mistura coma a antiga Fábrica de Descasque do Arroz. “Apesar de muito jovem, esta confraria tem, no seu ADN, muita vontade de levar a gastronomia portuguesa ao mundo, sempre acompanhada de pessoas válidas e boas ideias, pelo nosso bem comum e nobre Arroz do Baixo Vouga Lagunar”, sustenta o chanceler-mor.
O seu primeiro capítulo, recentemente realizado, contou com 62 confrades fundadores, o que, para José Alberto Marques, revela a “adesão extraordinária” a este projeto. Presentes neste momento estiveram 14 confrarias, num total de 47 confrades oriundos de todo o país, tendo sido servidos 140 almoços de arroz. “Há vários contactos de chefs e pessoas interessadas em adquirir o nosso arroz, dada a propaganda efetuada por todos os que nos visitaram” neste dia, congratula-se o responsável.
Trabalhar para que o arroz volte a ter peso na economia estarrejense
A CCAE pretende, explica, ser uma homenagem ao passado e ao presente, dirigida aos atuais e antigos trabalhadores da fábrica. Pretende promover o arroz desde o cultivo, passando pelo descasque, e terminando na sua confeção, em pratos doces e salgados, “sempre com a preocupação de inovar”.
É composta por 75 confrades (15 dos quais de honra), que têm como missão promover o arroz produzido em Estarreja e as várias formas de o confecionar, “divulgando Estarreja e fazendo com que este cereal volte a ser um ícone identitário deste concelho”.
O renascimento do cultivo de arroz em Salreu e Canelas, a recuperação da antiga fábrica, e um tio que lá trabalhou foram os motes que levaram José Alberto Marques a criar esta confraria. Recorde-se que a fábrica funcionou de 1922 até ao final da década de 80, quando a cultura do arroz era de grande importância para a economia estarrejense. A CCAE quer contribuir para que esta atividade volte a ter peso, tornando-se numa das principais culturas agrícolas do concelho. Este é, aliás, o único território do norte do país onde ainda se cultiva arroz. “Na nossa confraria, tudo anda à volta do diamante que temos nas nossas marinhas: o arroz carolino de características únicas, pelo gosto e pela goma que produz nos cozinhados, que deixa os grandes chefs de cozinha apaixonados”, sublinha o chanceler-mor.
Parcerias com escolas de hotelaria e restaurantes
José Alberto Marques elenca como principais objetivos desta confraria “delinear e desenvolver uma estratégia unificada com os atuais e os futuros produtores; criar melhores condições no terreno para agregar mais área produtiva e potencial; e solucionar o problema das aves destruidoras das culturas, para que, no futuro, possamos ser uma das regiões fortes no cultivo deste precioso cereal, de grande valor nutricional”.
De acordo com o chanceler-mor, o plano de atividades de 2025 está a ser preparado, dando conta estarem previstas parcerias com escolas profissionais de hotelaria e outras confrarias, envolvendo, também, a restauração local, com vista a criar pratos tendo o arroz como principal ingrediente.
A CCAE quer, também, levar para fora da região aquilo que já se produz com arroz no concelho, como os sabonetes de arroz, os biscoitos produzidos em Salreu, e os doces de São Tomé, produzidos em Canelas.
De acrescentar que a confraria está presente, este fim-de-semana, no I Encontro de Confrarias Portuguesas, a decorrer no Luxemburgo. O encontro de três dias, que conta com a participação de 20 confrarias, é o maior encontro de confrarias alguma vez realizado fora do país.