Para muitos colegas docentes e alunos, Joaquim Arnaldo Martins será apenas mais um entre os vários professores da Universidade de Aveiro, mas a verdade é que a sua ligação à instituição de ensino superior vem de trás. O agora professor catedrático do DETI – Departamento de Eletrónica, Telecomunicações e Informática fez parte da primeira turma e do primeiro curso da UA, no ano letivo de 1974-75, assistindo, na primeira fila, ao nascimento da universidade aveirense. “Ter uma universidade cá em Aveiro era uma coisa que nunca nos tinha passado pela cabeça”, recordou, em entrevista à Aveiro Mag, a poucos dias de entrar para a reforma – completou 67 anos.
Nascido em Alquerubim, Albergaria-a-Velha, Arnaldo Martins sempre viveu em Aveiro. As suas ambições passavam por seguir “algo no âmbito da engenharia ou arquitetura” e, “quando abriu a universidade cá, por questões económicas, não houve grandes dúvidas quanto à escolha”. “Os meus pais eram pessoas humildes. Mesmo que não se pagasse propinas na altura, o custo das deslocações e da estadia pesava muito. Ainda pesa hoje”, enquadra. Em janeiro de 1975, Arnaldo Martins, juntamente com mais uns “40 estudantes” estreavam a universidade criada, a 15 de dezembro de 1973, pelo então Ministro da Educação Nacional, José Veiga Simão. “Começou lá em cima, nas instalações da PT, no antigo CET – Centro de Estudos de Telecomunicações. Ainda tem lá os edifícios originais”, recorda, numa conversa tida no IEETA – Instituto de Engenharia Eletrónica e Informática de Aveiro, onde desenvolveu investigação.
Era o início dos inícios da UA e tal como aponta Arnaldo Martins coube àquele primeiro grupo de alunos e docentes “desbravar tudo”. Entre os segundos estavam “Júlio Pedrosa, Aristides Hall, o próprio Victor Gil, Mesquita Rodrigues, Pedro Guedes...”, todos eles “vindos de fora para arrancar com o departamento”, lembra.
Acima de tudo, uma família
Nesses tempos, a universidade de Aveiro era uma família. “Conhecíamo-nos todos uns aos outros, alunos, professores e funcionários. Éramos meia dúzia. Convivíamos uns com os outros. Aquele espírito das universidades antigas em que os professores estão lá em cima na cátedra, não existia”, frisa. Numa altura em que não havia praxes e Enterro do Ano, a vida académica passava por “umas jantaradas, umas almoçaradas, uns jogos de futebol com os professores. Toda a gente junta, era muito engraçado. Ainda guardo algumas fotografias desses jogos”.