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OLI chega aos 70 anos mais internacional (mas também mais aveirense) do que nunca

Empresas

Empresa sediada em Esgueira acaba de se expandir para a Escandinávia e tem planos para chegar a outras geografias, sem renegar as origens. Tanto assim é que festejará os seus 70 anos com a cidade.

António Ricardo Oliveira, de 33 anos, é hoje um dos principais rostos da OLI, empresa aveirense fundada pelo seu avô e que está a comemorar este ano o seu 70.º aniversário. Licenciou-se em Relações Internacionais (com minor em Ciência Política) na Universidade Católica, em Lisboa, dedicando o mestrado – também na Universidade Católica, mas no Porto – á área da Gestão. António Ricardo Oliveira, que integra a administração da OLI desde 2018, fala, em entrevista à Aveiro Mag, sobre os planos da empresa para o futuro, sem esquecer as comemorações do 70º aniversário e a sua ligação à cidade de Aveiro.

 

Que novidades podemos esperar, a nível empresarial, neste ano de aniversário redondo?

Arrancámos com uma empresa na Escandinávia que, a partir deste ano, queremos dinamizar com vendas. É uma pequena empresa comercial, mas esperamos que venha a ser a nossa base de apoio para a Noruega, Suécia, Finlândia e também a Dinamarca. Ainda na área da internacionalização, temos outros projetos em andamento. Estamos a dialogar, a nível de carta de intenções, com o nosso distribuidor francês histórico - de há 30 anos para cá - que, por questões de sucessão, quer deixar o negócio. Sendo que 80 por cento do negócio dele é feito connosco, nós somos o comprador natural daquela atividade em França. Esse é outro dos projetos que estamos a ver.

E temos mais duas ou três possibilidades que estamos a estudar quer do ponto de vista industrial – para passarmos a estar em geografias nas quais ainda não conseguimos competir – quer do ponto de vista comercial – nesta ótica de consolidação da rede de distribuição na Europa.

 

Com todo esse crescimento além-fronteiras, a OLI vai continuar a ser uma empresa de Aveiro?

Sim. Isso é incontornável. A nossa família é ali de Mataduços, do outro lado da rua. É difícil que deixemos de ser uma empresa de Aveiro. Isso sempre foi uma coisa que não escondemos, pelo contrário, até promovemos – que somos de Portugal e que somos aveirenses. Não é algo que nos passe pela cabeça alterar.

 

E é algo que se reflete, por exemplo, na área da responsabilidade social. A OLI apoia uma série de associações, clubes e coletividades da região...

Não há muito a dizer. Os factos falam por nós [em 2023, a OLI apoiou 40 instituições]. Temos uma relação muito estreita com o Esgueira. Há muitos colaboradores que já foram atletas e filhos de colaboradores que são atletas. Há uma ligação além da proximidade geográfica e comunitária. Estamos ligados pelas pessoas. O mesmo acontece com o Beira-Mar, o Taboeira, etc.

 

Numa cidade relativamente pequena e com poucas empresas de grande dimensão, estão sempre a bater-vos à porta. Mesmo assim continuam a ter vontade e espaço para apoiar?

Sim. Houve uma altura, durante a pandemia de covid-19, em que tivemos de fazer muitas escolhas, uma vez que tivemos de tomar decisões relativamente ao número de pessoas que estava connosco e não nos sentíamos confortáveis em manter esse tipo de apoios quando estávamos a ser obrigados a tomar decisões duras e a diminuir o número de colaboradores. A partir do momento em que a situação estabilizou e pudemos voltar a uma situação mais previsível, retomámos esses apoios.

 

Nas contas de 2022, a OLI ultrapassou os 75,5 milhões de euros. E em 2023?

Vamos ficar abaixo de 2022. Fechámos nos 73 milhões, o que representou um ligeiro decréscimo de 3%. Do ponto de vista da rentabilidade, isso não se refletiu negativamente nos resultados. Houve ajustes que tínhamos vindo a fazer no ano passado a nível de preços que agora nos permitiram recuperar um bocadinho da margem – no ano passado, apesar desse volume de negócios, não tínhamos alcançado a rentabilidade que queríamos. Este ano, ficámos abaixo no volume de negócios, mas conseguimos recuperar noutros indicadores, o que foi positivo. Conseguimos concretizar praticamente 9 milhões de investimento, sempre num contexto de endividamento controlado – outra das preocupações que tínhamos dada a instabilidade que temos passado. Acho que, globalmente, e não tendo sido aquele ano que perspetivámos, foi um ano positivo, embora nos obrigue a programar o ano seguinte no mesmo contexto de instabilidade e imprevisibilidade.  

 

2023 ficou marcado pela ampliação do novo complexo industrial. Que melhorias está a permitir?

Essencialmente, permitiu-nos alargar o espaço que tínhamos e que considerávamos estar abaixo daquilo que precisávamos para conseguirmos atingir os crescimentos projetados. De forma mais consequente, o que construímos foi um armazém para produto acabado o que nos permitiu passar a ter stock de produto acabado. Num ano em que o mercado não esteve tão forte, aproveitámos a capacidade instalada que tínhamos para produzir stock, o que acreditamos que nos vai permitir prestar um melhor serviço aos clientes no próximo ano e nos seguintes.

 

Na inauguração frisou que este já é um complexo mais amigo do ambiente, mas a preocupação ambiental da OLI já vem de trás, com a instalação dos painéis fotovoltaicos. Quando começou essa instalação?

Em 2017 e já esgotámos o espaço de telhado disponível. Já temos alguns na fachada nascente-poente e a nossa equipa de energia está a analisar outros contextos - neste parque industrial ou noutros que temos fora de Aveiro - onde possa ser feita a instalação, sobretudo, de novos painéis fotovoltaicos. Há outras tecnologias, mas estamos focados nos painéis fotovoltaicos.

 

A ideia é serem autossuficientes ou isso é impossível?

É impossível dado o nosso consumo e o padrão de trabalho que temos – trabalhos a 24 horas. O nosso consumo não tem oscilações demasiado grandes. Como a fábrica é o maior consumidor de energia e trabalha a 24 horas, o consumo mantém-se relativamente estável e a produção solar tem um pico ao meio-dia e cumpre uma distribuição normal a partir daí. No caso da nossa fábrica de moldes já é mais favorável a tentarmos uma percentagem de autoconsumo maior, que possa chegar aos 50 por cento, enquanto, deste lado, é de 15, no máximo. Lá trabalhamos das 6h00 às 20h00 e, por isso, a curva da produção acompanha melhor o horário de funcionamento da produção – e, consequentemente, do consumo energético.

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Além dos painéis fotovoltaicos que outras infraestruturas têm para reduzir a pegada ecológica?

Essencialmente, o que temos feito é um controlo da utilização de água nos nossos processos e da valorização dos resíduos – cartão, metais, etc. – para que possam reentrar nas cadeias de abastecimento.

 

Isto obriga-vos a ter um gabinete de inovação e desenvolvimento considerável?

Temos uma pessoa exclusivamente dedicada a estas questões de ESG [Environmental, Social, and Governance], principalmente, na parte ambiental, que depois trabalha na produção do nosso relatório de gestão de acordo com as normativas da ONU e os ODS [Objetivos de Desenvolvimento Sustentável]. Na produção, temos uma pessoa só dedicada à gestão de energia, à análise de produção fotovoltaica, à identificação de outras melhorias a nível de processo que possam transformar os consumos e que procura constantemente tecnologias que nos permitam reduzir consumo e armazenar energia para conseguirmos que este investimento seja o mais eficiente possível.

 

Temos estado a falar só na questão do consumo interno, mas a OLI também tem lançado vários produtos que reduzem também o consumo energético para os consumidores. É o mercado que está a pedir-vos isso ou é a OLI que está um passo à frente?

Ambos. O mercado procura soluções inovadoras pela questão do consumo hídrico e nós procuramos posicionar-nos nesse campo. Temos alguns produtos interessantes e mesmo únicos: o autoclismo de água salgada, por exemplo, que costuma ter vários pedidos em Gibraltar e em Espanha; o autoclismo que descarrega 4 e 2 litros – o standard é 6 e 3 litros; e um autoclismo que permite duas entradas de água diferente – a normativa manda que o autoclismo esteja ligado à rede, mas depois pode ter uma segunda entrada de água que pode ser um furo, um depósito no telhado ou outro tipo de fonte de água que queira utilizar para abastecer o autoclismo. Dentro dos nossos produtos, diria que esses são diferenciadores no ponto de vista da eficiência energética. Depois, claro, a dupla descarga, que foi introduzida por nós nos anos 90, que se tornou num standard do mercado, e que permitiu uma redução virtual do consumo de água em 50 por cento. É algo que ficou não só para nós, mas para todo o setor.

 

Há outras coisas em estudo?

Sim. Nesta fase estamos à procura de produtos diferenciadores pela via tecnológica. Durante a pandemia tivemos dificuldade em desenvolver estes produtos pela falta de componentes eletrónicos. Agora, finalmente, as cadeias de abastecimento voltaram ao normal e quem está a desenvolver tem mais facilidade não só por dispor dos componentes, mas também por encontrá-los a um preço mais razoável no mercado. A nível de produto, o que queremos lançar em 2024 está ligado à poupança de água. É um peso maior na tecnologia dentro do autoclismo e dentro da casa de banho.

 

Depois temos o design, uma imagem de marca da OLI, que tem sido várias vezes premiada pelo design dos seus produtos. É um gabinete próprio que produz esse design, mas volta e meia também têm colaborações externas...

Exatamente. Por norma, o desenho é feito pelos nossos engenheiros de desenvolvimento que têm um conhecimento muito grande do produto e do processo e que adequam logo os conceitos em que pensam àquilo que é a posterior materialização em produto.

Periodicamente, estabelecemos cooperações com arquitetos em áreas geográficas que sejam relevantes para nós – em Portugal, com o Souto Moura e o Siza; em Itália, com o Romano Adolini e, mais recentemente, com o Alessio Pinto – para conseguirmos ter um design diferenciador e que nos permita ter um posicionamento de marca de elevado nível. E

stamos conscientes que, por melhores que sejamos a nível tecnológico e a nível produtivo, o design é algo que aporta muito valor à marca e os arquitetos são dos stakeholders que podem escolher os autoclismos nas casas. Temos de ter uma linguagem adequada a esse target.

 

Num contexto internacional com duas guerras em curso, em que medida é que os planos da OLI são afetados?

Afetam bastante. A OLI tem uma operação na Rússia que ficou isolada neste contexto. Era uma operação para a qual tínhamos planos de investimento que foram todos cancelados. Mesmo face ao investimento que tínhamos feito anteriormente, é algo que não conseguimos exponenciar ou desenvolver como desejaríamos e como nos tínhamos preparado para fazer. Do lado da Ucrânia, a mesma situação. Tínhamos feito um investimento muito grande nos últimos anos, estava a tornar-se um mercado relevante para nós onde estávamos a pensar passar a ter uma operação própria - já na altura era muito difícil fazer chegar o produto a partir da Rússia e tínhamos de expedir tudo de Portugal – e essas opções saíram todas goradas. Não se concretizaram.

Relativamente a Israel e à Palestina, também eram mercados importantes para nós, mas está tudo parado. A informação que temos de Israel, que era um mercado muito dinâmico do ponto de vista imobiliário, com muitos jovens, muita gente a chegar ao país, é que as coisas estão paradas. Na Palestina, a situação também não é favorável, nomeadamente, porque não há acesso aos portos que eram o meio que nós utilizávamos para entregar o produto aos clientes. São dois mercados que desapareceram do nosso mapa.

 

 

Vamos falar do aniversário da OLI. São 70 anos, certamente que as comemorações não vão cingir-se ao dia 1 de março...

Temos previsto, a nível interno, uma celebração com a nossa equipa. No dia 1 de março, vamos parar e celebrar a data todos em conjunto. Depois, dentro daquilo que vão ser as comemorações da cidade (12 de maio), juntamente com a câmara municipal, vamos voltar a ter o concerto de 11 de maio. Depois, dia 22 de junho, teremos uma comemoração para clientes do mercado nacional, exportação, fornecedores e principais entidades.

São estes três momentos que temos previstos: uma celebração para nós, outra para a cidade e outra os externos. Depois vamos ter algumas iniciativas mais pontuais. Aquela que acho mais interessante e que já está em curso é a elaboração de um conto ilustrado para entregar às escolas sobre a utilização da água. Um conto pedagógico que serve para chegarmos aos mais novos da nossa comunidade de forma leve e educativa.

 

Para estes 70 anos também têm uma nova imagem gráfica.

Não é um rebranding, é mais o branding dos 70 anos. Já nos 65 anos fizemos a mesma coisa, encontrámos um logótipo com o qual quisemos marcar a data e os materiais que produzimos nessa altura. Agora quisemos replicar isso. Criar uma imagem associada aos 70 anos, com um significado particular, com a qual queremos alavancar as várias iniciativas ao longo do ano.

 

Vão lançar novos produtos em ano de aniversário?

Sim. Juntamente com o departamento de marketing e as áreas comerciais, já temos os produtos que queremos lançar identificados. Como disse, são produtos mais tecnológicos e que privilegiam o consumo inteligente da água.  Esse vai ser o nosso foco em 2024. Não serão produtos tão dedicados à estética porque temos produtos muito recentes que ganharam prémios importantes e que queremos deixar respirar.

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2 Comentário(s)

alberto pires
3 mar, 2024

fiz há pouco um depósito de 15 euros para donativo, de conformidade com vossa informação, ficando a aguardar a publicação da revista de aniversário, porque desejo comprá-la. desejos de sucessos. cumprimentos akberto

sirlei
28 fev, 2024

deus abençoe a todos pelos 70 anos da oli.

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