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Francisco Picado: das brincadeiras na “Praceta” à direção do ISCA UA

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Nos próximos quatro anos, o ISCA UA (Instituto Superior de Contabilidade e Administração da Universidade de Aveiro) terá Francisco Picado como diretor, numa espécie de segunda vida à frente da instituição, mas com energia renovada, num tempo diferente e mais voraz do que na primeira passagem à frente da instituição. Quais os planos para os próximos quatro anos? Qual a ligação entre a academia e a cidade? Que ensino se melhor adequa às novas gerações?

Estas foram algumas das questões que respondidas nesta entrevista, mas também muitas outras, sobretudo as que permitem conhecer o aveirense – nado e criado – por trás do diretor. As memórias de infância. O professor que mais o marcou. A importância do remo e do desporto. O percurso académico. O que ainda lhe falta fazer.

A Escola e a Praceta

Nasceu em Aveiro há 52 anos e todo o percurso – até à conclusão da licenciatura – foi feito em Aveiro, desde a escola primária da Glória até à Engenharia e Gestão Industrial, na “sua” Universidade Aveiro (Uma vez UA, para sempre UA, como assume). Do professor Matos – nos primeiros anos – até ao professor Arsélio Martins – o que o mais marcou – um fio condutor, o gosto pela Matemática, algo que valoriza e que, admite, é um gosto que “leva para a vida”.

No entanto, nas últimas décadas do século passado, a vida passava muito pela rua, pelos verões infindáveis e pelo desporto. E Francisco Picado recorda – com saudade – os tempos da infância e adolescência, passados com os amigos da “Praceta” – uma rua única ali bem perto do Parque Infante D. Pedro.

“Nasci e cresci num espaço único para que as brincadeiras da infância e adolescência pudessem ser realizadas na rua, ao ar livre. Sempre que posso, passo pela ‘Praceta’ e fico parado a olhar, e respiro aquele ar que me traz recordações muito felizes. Das brincadeiras, das quedas, dos jogos de bola, da carica, das bicicletas, do ‘quintal da velha’ – fui um verdadeiro privilegiado por ter vivido até ao final da minha adolescência nesse local”.

O Remo e a Ria

O que é fácil de perceber é que muito do desporto que se fazia na altura era feito na rua, de forma informal, com os amigos. Os jogos de futebol com balizas feitas de pedras. As corridas de bicicleta. Mas essas “brincadeiras” também incentivavam a que se fizesse desporto de forma federada, e Francisco Picado não foi diferente, escolhendo o remo como modalidade de eleição, que lhe trouxe uma ligação intrínseca à Ria.

“Como resultado do desporto que escolhi para a minha adolescência – o remo - fui duplamente privilegiado. Tive oportunidade de esquadrinhar a Ria de Aveiro como poucos. Adoro a Ria, aquela que todos vemos, mas, sobretudo, aquela que só eu e alguns dos meus colegas tivemos oportunidade de usufruir – bem lá para dentro, por canais escondidos dos olhares comuns, percorridos à conta da força dos remos, onde misturávamos o sofrimento e a dor com o prazer de termos só para nós paisagens e momentos únicos – lembro-me bem do “som do silêncio” que “se ouvia” nos canais lá para os lados de Cacia”.

Lisboa e as lições de vida

Quando terminou o percurso académico em Aveiro – num percurso pensado para o futuro profissional – Francisco Picado seguiu para Lisboa, onde se “aventurou” a fazer uma pós-graduação, um MBA e um mestrado numa universidade privada em Lisboa (U. Católica). “Foi um período duro e exigente, já a trabalhar e a estudar e num ambiente de excelência em termos de ensino, mas extremamente competitivo e longe de Aveiro. Esse período conferiu-me na altura, uma ideia de que somos capazes de fazer muito mais do que julgamos. Passados todos estes anos, o que retiro deste percurso é o facto de ter aprendido que, em regra, se trabalhares de forma séria, focada e empenhada, serás recompensado, mesmo que por vezes tenhas alguns dissabores; a segunda lição que retiro é que podemos fazer as coisas bem feitas, progredir e ter sucesso, sem pisar ninguém e respeitando os outros – mesmo aqueles com quem pontualmente temos discordâncias”

Percurso profissional de rigor e excelência

Esta é a segunda passagem de Francisco Picado pelo cargo de diretor do ISCA UA. Antes da primeira – em 2015 – e até agora, o percurso profissional do aveirense é recheado de experiências distintas. Mas que lhe permitem dizer, de forma descomplexada, que é o que sempre quis ser, quando fosse grande.

“Na verdade, acho que tenho conseguido fazer aquilo que sempre quis fazer, ou seja, sinto-me plenamente preenchido tanto a nível pessoal como profissional. A vida é feita de altos e baixos e, embora o resultado nem sempre seja o que queremos, o saldo é francamente positivo. Adoro o que faço: tenho dividido a maior parte da minha vida profissional entre a lecionação e a atividade de gestor”.

Desde uma empresa de consultoria – ligada ao curso que tirou na UA – até à entrada no ISCA como professor, passando pelo cargo de gestor público na Metro Mondego, SA, o momento que o mais marcou foi quando integrou o Conselho de Administração do Centro Hospitalar Baixo Vouga (CHBV), num momento marcante da história da humanidade, a pandemia da Covid-19.

“A participação na gestão de um Centro Hospitalar é um exercício de grande exigência, mas simultaneamente apaixonante. O setor da Saúde é caraterizado por uma grande complexidade, mas permitiu-me aplicar tudo aquilo que aprendi na minha formação e no meu processo de aprendizagem, em termos técnicos, mas sobretudo em termos de relações humanas numa organização de grande dimensão. Se acrescentarmos a esta complexidade o facto de ter surgido no meio do mandato a Covid-19, podem imaginar o quão esta experiência profissional me marcou”, explica.

Os próximos quatro anos

Francisco Picado assume que aceitou o desafio de regressar pela vontade de “fazer mais, melhor e diferente” e apresenta, à Aveiro Mag, as linhas orientadoras para os próximos quatro anos de ISCA UA: “Neste mandato de 4 anos, as linhas orientadoras encontram-se alinhadas com aquela que é a intervenção da UA nas suas diversas vertentes: Ensino, Qualidade e Inovação Pedagógica; Transferência de Conhecimento, Investigação Aplicada e Cooperação com a Sociedade; Investigação e Produtividade Científica. Esta abordagem permitirá, se bem-sucedida, consolidar a posição que o ISCA UA atualmente ocupa como sendo uma Escola de Referência nas suas áreas de intervenção - contabilidade, finanças e marketing - no panorama do Ensino Superior Politécnico na Região de Aveiro e no País. Para a sua concretização, é absolutamente determinante que se perceba que estas linhas de atuação estratégica não devem constituir um fim em si mesmo. As mesmas devem estar orientadas para que o resultado se reflita, de forma efetiva, na capacitação para a vida profissional e formação integral daqueles que devem ser o foco de toda a nossa atuação: os estudantes.

As novas gerações e o ensino

No tempo em que foi estudante, o responsável assume que “usufruiu de forma plena” a vida académica. Mas que sempre soube qual era o caminho que queria trilhar, na universidade e na vida. E hoje, as novas gerações? Como vivem? Como encaram a vida? A academia tem-se sabido adequar e adaptar a um mundo “digital”? Tem a palavra Francisco Picado.

“Acima de tudo, as novas gerações têm de aprender a desacelerar. A vida é mais acelerada, queremos ir e estar em mais sítios, ao mesmo tempo; a multiplicação de estímulos leva-nos a perder o foco e a concentração na realização de apenas uma tarefa – há quem não consiga ler um texto curto de forma ininterrupta sem consultar o telemóvel ou outra qualquer fonte tecnológica. A forma como as pessoas se relacionam mudou profundamente e isso influi de forma determinante nos nossos padrões de comportamento profissional, mas também social. Os estímulos são imensos, o “mundo encolheu”. E estamos perante algo que antes fazia parte de uma ficção: A Inteligência Artificial. E o Ensino superior, à semelhança de muitas outras atividades, não escapará incólume aos impactos deste novo mundo digital. O acesso à informação é pleno e praticamente ilimitado e, quer quem estuda, quer quem ensina, tem de perceber isso mesmo. Estamos perante uma geração cujos vetores do espaço vs tempo são muito diferentes do que eram, quando eu era jovem”.

A universidade e a cidade

A ligação entre a Universidade de Aveiro e a cidade é uma discussão “eterna”. Ao longo destes cinquenta anos, tem sido tema de muitas conversas. É inquestionável a importância que os estudantes têm tido no crescimento de Aveiro, mas também são muitas vezes “questionados”, sobretudo em períodos de “festa. Para Francisco Picado, a leitura é simples e esclarecedora: “Neste momento não é sequer possível imaginar Aveiro sem a Universidade. A dinâmica inerente à presença da UA e a tudo o que a sua existência aporta à cidade, ao Concelho e à Região é hoje uma realidade insofismável. A marca UA e a marca Aveiro confundem-se numa só. E isto acontece de forma direta com a presença de aproximadamente 20.000 estudantes (nacionais e internacionais) mas também de forma indireta com o impacto no tecido económico e empresarial, público e privado, que beneficia do resultado do ensino e da investigação que acontece na UA”.

O que para Francisco Picado tem de melhorar, sem qualquer dúvida, é a capacidade que a cidade e o tecido empresarial tem de evoluir para conseguir “manter o talento que produz”. “É preciso criar condições para que, passada essa fase, estejam reunidas condições para que os que cá estudaram queiram ficar por cá. A UA tem desempenhado o seu papel, a cidade tem de olhar para esta questão com atenção, e o mesmo se passa também ao nível da criação de condições para atrair e fixar o tecido económico e empresarial. Para cumprir a máxima: Estudar, trabalhar e viver em Aveiro”.

A importância dos tempos livres

A vida tem de ser muito mais que casa-trabalho e trabalho-casa. Ou fazer de tudo para ganhar dinheiro, perdendo depois toda e qualquer qualidade de vida e tempo livre com quem mais importa. É essa a palavra-chave para Francisco Picado: Equilíbrio. “O equilíbrio ponderado da vida profissional com a vida pessoal permite atingir outros níveis de produtividade, mas permite sobretudo salvaguardar um problema hoje muito discutido que é a preservação da saúde mental. O poder de conseguir “desligar” deve ser uma ação prioritária. Não ler emails (sobretudo à noite), encontrar tarefas e atividades que ajudem a focar a mente em aspetos positivos, a prática de atividades físicas (caminhadas), são algumas das soluções que procuro adotar. A conjugação da atividade profissional com o usufruto de tempos livres é, na sociedade contemporânea, uma necessidade absolutamente imperativa”.

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