Ainda chegou a frequentar a licenciatura de Gestão, no Porto, mas o destino encarregou-se de o conduzir até ao mundo dos vinhos, no qual tem vindo a fazer carreira. Tudo começou com umas simples provas, induzidas pelo pai, apreciador e conhecedor de vinhos. Na altura, Ricardo Sarrazola limitava-se a satisfazer a curiosidade, a aumentar os seus conhecimentos em torno dos néctares que lhe eram dados a descobrir. No dia em que percebeu que não estava vocacionado para estudar gestão, acabou por levar este gosto pessoal muito a sério. Foi tirar o curso de Enologia na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), em Vila Real, e não tardou a sentir que aquele era o seu mundo.
Tanto assim é que, aos 31 anos, este aveirense – Ricardo Sarrazola é natural da freguesia da Vera Cruz – já produz e comercializa a sua própria marca de vinhos, juntamente com Nuno Morais Vaz, seu sócio. Chama-se Portugal Boutique Winery e dispõe de várias gamas de vinhos: Dinamite (espumantes da Bairrada), Boina (Douro), Guyo (Douro), Goblet (Trás-os-Montes) e Gorro (Vinhos Verdes). Os primeiros, acabam de receber um prémio de design (a cargo do 327 Creative Studio).
Ao longo da sua formação académica, Ricardo Sarrazola teve a oportunidade de conhecer de perto várias regiões vinícolas, onde foi realizando vários estágios de vindima. Passou pela Bairrada, Alentejo e Douro, experiências às quais viria a somar, no final do curso, os estágios realizados na Austrália, Bordéus e Uruguai. “Em vez de ir fazer o mestrado, optei por ir para o estrangeiro para aprender como é que se trabalhava lá fora”, explica, em entrevista à Aveiro Mag.
Terminados os estágios, foi convidado a integrar a equipa de enologia da Herdade do Esporão, à qual esteve ligado durante dois anos, antes de abraçar o projeto da Portugal Boutique Winery. “A marca já existe desde 2015 e foi criada pelo Nuno, meu colega de curso. E eu acabei por me juntar ao projeto, como sócio, em 2020”, enquadra o jovem aveirense.
Uma marca portuguesa, com certeza
Às quatro regiões que já consegue abraçar, a Portugal Boutique Winery quer juntar outras mais. “O objetivo é conseguirmos ter produtos de cada uma das regiões portuguesas”, perspetiva Ricardo Sarrazola. Dos planos para o futuro faz ainda parte a vontade de adquirir uma herdade e vinhas próprias – nesta fase inicial, a marca está a trabalhar a partir de uma adega arrendada e compra as uvas aos produtores -, de preferência na região do Douro. É a ela que Ricardo Sarrazola e o sócio se sentem mais ligados, não obstante essa especial simpatia que o jovem aveirense diz sentir em relação à Bairrada.
Acima de tudo, o enólogo aveirense quer produzir “uma excelente uva”, condição essencial para produzir vinho de qualidade, assegura o produtor, apreciador confesso das castas Encruzado (branca) e Pinot Noir (tinta).
Os planos de crescimento da marca passam ainda pela internacionalização, levando os vinhos da Portugal Boutique Winery a ainda mais países. “Atualmente, já estamos em mais de 20 países, mas a ideia passa por chegar ainda mais”, afirma.