O músico, compositor e violetista José Valente está a levar a cabo um dos projetos mais desafiantes da nova música contemporânea intitulado Trégua. Trata-se de uma obra inédita para viola d’arco e banda filarmónica, e que conta com a participação do maestro Henrique Portovedo e da Orquestra Filarmónica Gafanhense. As gravações decorreram no Cais Criativo, na Costa Nova.
Durante a última semana, músicos e produtores assentaram arraiais no equipamento cultural ilhavense, em residência artística para a gravação desta nova obra. As gravações terminaram este domingo,25 de julho, seguindo-se, agora, a produção em estúdio.
Baralhando as definições e as fronteiras da música erudita, Trégua se propõe a ser não apenas um álbum, convocando outras disciplinas artísticas e outras perspetivas. “O ponto de partida é um disco. Mas com o desenvolvimento do projeto decidimos convidar o fotógrafo Nélson D'Aires para fazer uma exposição fotográfica sobre o processo, juntamente com o Pedro Zimman, para filmar um documentário, e o crítico e escritor Rui Eduardo Paes, para escrever sobre esta proposta”, destacou José Valente à Aveiro Mag.
A obra, que deverá ser lançada no último quadrimestre do ano, conta, assim, com a participação de 60 músicos da região, todos eles instrumentistas da Filarmónica Gafanhense. Mais do que o desafio de coordenar os ensaios e gravações com todos os elementos da banda, o maestro Henrique Portovedo faz questão de destacar o pioneirismo do projeto. “É uma estreia mundial”, vinca.
Apoiado pela Direção Geral das Artes e pela Fundação GDA – bem como pelo programa de residências artísticas da Fábrica Das Ideias (23 Milhas) e pela Orquestra Filarmónica Gafanhense -, este projeto vem demonstrar que “Ílhavo já deixou de ser periférico no ambiente das artes”, destacam Henrique Portovedo e José Valente.
* Créditos da foto: Nelson D'Aires