O escultor Paulo Neves inaugura a exposição individual “O caminho dos santos”, no Espacio Cultural del Monasteiro de San Martín Pinario, no Seminario Mayor de Santiago de Compostela, no dia 11 de abril. Fica patente até ao dia 30 de junho e depois dessa data percorrerá várias igrejas de Aveiro e a Torre dos Clérigos, no Porto.
Esta mostra é, como explica o autor, “uma homenagem aos milhares de caminheiros” que, todos os anos, percorrem os caminhos de Santiago de Compostela e que, graças a essa determinação também “são, de alguma forma, santos, no sentido em que fazem algo admirável e servem de testemunho aos demais, tal como os santos”.
A exposição é composta por quinze peças de madeira de cedro, do tamanho de pessoas reais, com rostos, círculos e espirais. Treze dessas esculturas “representam os apóstolos e o caminho que percorreram enquanto mensageiros, enquanto romeiros”. São seres que dialogam serenamente entre si e com quem os observa. As outras duas peças “simbolizam os caminhos propriamente ditos, os muros que obstaculizam a passagem e a energia necessária para percorrer os caminhos ou fazer as travessias a que o ser humano se propõe”.
Este novo trabalho do artista natural do distrito de Aveiro, é, por isso, um convite a “percorrermos os nossos próprios caminhos, a fazermos a descoberta interior de nós mesmos, a partilharmos a experiência e os encontros que vamos tendo, durante o percurso das nossas vidas”, tal como fizeram os apóstolos e tal como fazem os peregrinos de Santiago de Compostela. Neste sentido, “O caminho dos santos” afigura-se como a expressão humanizada e figurativa de “união da natureza e do espírito”, da matéria-prima com o transcendente, da ligação entre a dimensão física, entre o espaço terreno e o espaço celestial, exaltando a singularidade do indivíduo e a complexidade do divino.
Nome incontornável da escultura contemporânea nacional e internacional, Paulo Neves tem uma linguagem artística mimética e estilizada, que se reinventa em cada nova expressão, tornando as suas obras intemporais e acrescentando, ao mesmo tempo, novas formas de ler a escultura contemporânea.
Natural de Cucujães, em Oliveira de Azeméis, é nesta vila de Aveiro que estão instalados os seus seis ateliers de madeira, de pedra, de bronze e de ferro e é neles que trabalha, diariamente, rodeado de floresta.