A câmara municipal de Aveiro arrancou hoje com um novo sistema de recolha seletiva de biorresíduos para utilização não-doméstica em hotéis, restaurantes e cafés da cidade, bem como nas cantinas das escolas, em IPSS e outros estabelecimentos. A operação chama-se “Sem Sobras” e foi apresentada hoje, 5 de junho, Dia Mundial do Ambiente, no Café Ramona, um dos primeiros estabelecimentos aveirenses a aderir ao novo sistema.
Um primeiro circuito de recolha abrangerá 140 estabelecimentos, que se comprometem a separar diariamente os biorresíduos produzidos, colocando-os em contentor próprio a ser recolhido, de terça-feira a domingo, pela Veolia. Após a recolha, estes biorresíduos serão processados na ERSUC, numa nova linha de tratamento dedicada à compostagem, onde serão transformados em fertilizante natural.
Numa primeira fase, a operação estender-se-á a utilizadores não domésticos na união de freguesias da Glória e Vera Cruz – a zona de maior concentração de produtores deste tipo de resíduos -, perspetivando-se uma capacidade de recolha semanal de cerca de 100 mil litros de biorresíduos. “Entendemos começar pelo canal HORECA (hotelaria, restauração e cafés) por serem os maiores produtores. Quando queremos resolver um problema, faz sentido começarmos por aqueles que são responsáveis pela maior dimensão do problema”, explicou Ribau Esteves, no momento de apresentação do novo sistema. Note-se que, de acordo com a Campanha Física de Caracterização dos Resíduos efetuada em dezembro de 2022, 87,2% dos resíduos indiferenciados produzidos por estes estabelecimentos correspondem a biorresíduos que podem ser valorizados.
Segundo a autarquia aveirense, a recolha seletiva será progressivamente estendida a mais estabelecimentos, nomeadamente, aqueles que produzam menos de 1.100 litros de resíduos urbanos por dia, localizados nas freguesias de Esgueira, Aradas, São Bernardo, Cacia, Santa Joana, Oliveirinha, Eixo e Eirol e Requeixo, Nossa Senhora de Fátima e Nariz. “São Jacinto estará fora desta operação por não ter uma densidade populacional e de grandes produtores que o justifique”, esclarece o presidente da câmara, dando nota de “uma operação específica dedicada” àquela freguesia, que “desafiará individualmente as pessoas a fazerem a sua gestão de biorresíduos por compostagem”. Para isso, a câmara assegurará a distribuição de contentores domésticos porta-a-porta, bem com a formação da população para a sua utilização, avança João Machado, vereador da câmara de Aveiro para a área do Ambiente.
O objetivo é que, no futuro, a recolha seletiva porta-a-porta de biorresíduos chegue a mais de 600 estabelecimentos em todo o município de Aveiro. “Entrando em ‘velocidade de cruzeiro’, acredito que, daqui a dois ou três anos, poderemos conseguir chegar às 6 mil toneladas de biorresíduos recolhidos por ano”, estima o vereador.
Entre os biorresíduos aceites para recolha seletiva incluem-se restos de legumes, comida cozinhada, cascas de fruta, carne e peixe, ovos e respetivas cascas, restos de pão e bolos, saquetas de chá, borras de café, guardanapos e toalhas de papel.
Importa referir que a operação “Sem Sobras” representa um investimento de cerca de 1,4 milhões de euros (dos quais 400 mil foram financiados pelo POSEUR - Programa Operacional Sustentabilidade e Eficiência no Uso de Recursos - no quadro do Portugal 2020) onde se incluem, por exemplo, a aquisição de uma viatura de recolha de biorresíduos movida a gás natural comprimido – opção que visa garantir menos emissões de CO2 -, e a aquisição de 420 contentores de 120 litros para a deposição de biorresíduos.
Fotos: Afonso Ré Lau