AveiroMag AveiroMag

Magazine online generalista e de âmbito regional. A Aveiro Mag aposta em conteúdos relacionados com factos e figuras de Aveiro. Feita por, e para, aveirenses, esta é uma revista que está sempre atenta ao pulsar da região!

Aveiro Mag®

Faça parte deste projeto e anuncie aqui!

Pretendemos associar-nos a marcas que se revejam na nossa ambição e pretendam ser melhores, assim como nós. Anuncie connosco.

Como anunciar

Aveiro Mag®

Avenida Dr. Lourenço Peixinho, n.º 49, 1.º Direito, Fracção J.

3800-164 Aveiro

geral@aveiromag.pt
Aveiromag

Pedro Nuno Santos (PS): “A erosão costeira merece-nos especial preocupação”

Política

Antigo ministro das Infraestruturas e da Habitação e atual líder do Partido Socialista, volta a encabeçar a lista por Aveiro. Em entrevista à Aveiro Mag, reitera a promessa de acabar com as portagens nas ex-Scut e enumera o problema da erosão costeira, a mobilidade e a ampliação do Hospital de Aveiro como prioridades. Sobre esta última, diz que já existe uma garantia de financiamento de 30 milhões de euros.

 

 

É simultaneamente cabeça de lista por Aveiro e líder do partido. Isso pode beneficiá-lo ou prejudicá-lo?

Sou natural de S. João da Madeira e tenho muito orgulho nisso. Da mesma forma que sempre fui candidato à Assembleia da República pelo círculo eleitoral de onde sou natural, entendi que faria sentido continuar agora a ser candidato pelo meu distrito de sempre, o de Aveiro. Porque não viro as costas ao meu distrito, nem ao meu concelho.

 

Conhece a realidade do distrito, de Argoncilhe a Pampilhosa, de Paiva a Sosa? Acredita que a equipa que lidera por Aveiro tem esse conhecimento?

Ao longo dos últimos anos, enquanto deputado à Assembleia da República e enquanto governante, percorri várias vezes as ruas, as avenidas e as praças dos concelhos e das freguesias do distrito de Aveiro. Visitei as empresas, as instituições e falei com as pessoas. Naturalmente que não o fiz sozinho. Fiz este caminho com uma equipa que, tal como eu, conhece o território e conhece os problemas que temos que continuar a resolver. Porque não vamos deixar o trabalho a meio. Por muitas que sejam as dificuldades, o verbo “desistir” não faz parte do meu dicionário.

 

De uma forma específica, diga-nos três coisas que importa melhorar no distrito?

O distrito de Aveiro, pela sua dimensão e abrangência regional, tem vários desafios. A erosão costeira merece-nos especial preocupação e temos de assumir este como um desígnio nacional, em defesa do ecossistema e das populações.

Ao nível dos cuidados de saúde, a nova organização do SNS pode ter alguns melhoramentos locais, sendo que uma das prioridades tem de ser a ampliação e requalificação do Hospital de Aveiro, que tem já uma garantia de financiamento de 30 milhões de euros.

Do ponto de vista das infraestruturas e da mobilidade há muito ainda para fazer no nosso distrito. Desde logo, a requalificação da Linha do Vouga, cujo encerramento esteve previsto, quando o país já tinha desistido da ferrovia, e que não só não irá encerrar como estamos a requalificar.

Também o eixo rodoviário Aveiro-Águeda já tem garantia de financiamento, bem como a ligação do IC35 à A25, uma ambição de Sever do Vouga que tem mais de 30 anos. Estou convicto que esta obra contribuirá para o desenvolvimento da indústria metalomecânica, instalada neste concelho, ao facilitar as ligações ao Porto de Aveiro e a Vilar Formoso, criando assim mais postos de trabalho e mais riqueza para o país. Também já encontrámos financiamento necessário para concretizarmos dois desígnios há muitos anos ambicionamos por Castelo de Paiva, seja o IC35, seja a variante à Nacional 222, que nos ligará à A32.

Desta forma estamos a construir um Portugal Inteiro. Um país descentralizado, mais coeso, onde viver no interior ou no litoral seja igual em oportunidades e em serviços do Estado.

 

Qual a melhor forma de combater a ideia de que quem chega à Assembleia da República/Governo esquece rapidamente o distrito pelo qual foi eleito?

A melhor forma é ouvir e trabalhar em proximidade com a população, correspondendo às suas expetativas e cumprindo os compromissos. Ao longo dos últimos anos é isso que temos feito.

Enquanto Ministro das Infraestruturas e da Habitação dei o meu contributo para valorizar a Linha do Vouga, avançar com uma reabilitação imediata para assegurar as condições de segurança da circulação e garantir o financiamento para uma requalificação mais profunda.

Ajudei também a desenlaçar o nó para a calendarização de procedimentos para a construção da ligação do IC35 à A25.

Assegurámos o financiamento público para o eixo rodoviário Aveiro-Águeda, para a ampliação do Hospital de Aveiro e para a intervenção em dezenas de escolas espalhadas por todo o distrito.

Temos de fazer justiça a estas populações. Como fizemos, por exemplo, ao povo de Arouca, com a abertura ao tráfego da ligação do Parque de Negócios de Escariz à A32.

 

Que resultados espera alcançar no dia 10 de março (número de deputados por Aveiro)?

O Partido Socialista trabalha para vencer as eleições. Para isso, tem de eleger o maior número possível de deputados e esse é o objetivo, sem quantificações.

 

Uma das questões que mais tem preocupado os aveirenses prende-se com a tão aguardada ampliação do Hospital de Aveiro, que tarda em avançar. O que se propõe a fazer em relação a esta matéria?

Finalmente, foi com o Governo do Partido Socialista que foi assegurado o financiamento para a ampliação do Hospital de Aveiro. Essa é uma das nossas prioridades.

Em Portugal, precisamos de mais ação e menos conversa. E mais ação significa que todos os intervenientes nestes processos, que são morosos e burocráticos, sejam ágeis para que não adiemos mais o desenvolvimento do país e da região. Garantido o financiamento é preciso iniciar as obras o mais rapidamente possível.

 

O traçado da linha ferroviária de alta velocidade tem gerado polémica em vários pontos do distrito. O que tem a dizer às populações afetadas?

A construção da linha de alta velocidade entre Lisboa e Porto é um dos projetos mais estruturantes para o país. Um investimento desta dimensão tem impactos e constrangimentos que são inevitáveis. Cabe ao Estado tentar mitigá-los tanto quanto possível. Mas este projeto deve tornar-se uma realidade o mais rapidamente possível. Foi comigo que iniciámos esse processo e nós já estamos atrasados demasiados anos.

Já sabemos que a AD, se vencer as eleições, quer reavaliar o processo e isso significa atrasá-lo ainda mais. Não podemos viver num país eternamente adiado. Quantos projetos, quantos sonhos adiamos por década em Portugal? Sem a linha de alta velocidade, sem o novo aeroporto, sem uma série de projetos estruturantes para a economia do país. Da minha parte os portugueses sabem o que esperar: mais ação e decisões para fazer o país avançar.

 

Faz sentido investir na requalificação e modernização da linha do Vouga?

Sim, absolutamente. Quando o Partido Socialista chegou ao Governo, em 2015, a Linha do Vouga tinha o encerramento previsto, quando o país já tinha desistido da ferrovia. Felizmente, o PSD não conseguiu cumprir com esse desejo, mas o desinvestimento atroz levou ao definhar e ao desmantelamento de parte da Linha do Vouga.

Com o PS, não só não irá encerrar, como já beneficiou de obras de requalificação em diversos troços, que melhoraram as suas condições de funcionamento e segurança.

Mas somos mais ambiciosos. O que pretendemos é uma profunda requalificação da ferrovia, com alterações de locais de paragens, aproximando-as dos novos centros urbanos, alguns alinhamentos de traçado que permitam aumentar a velocidade e criar um interface com a Linha do Norte, em Espinho, e, em diálogo com as autarquias, estudar a sua extensão a sul à Universidade de Aveiro e a Ílhavo.

Pela primeira vez, este investimento tem financiamento garantido, pelo que temos de acelerar a sua execução para permitir que a Linha do Vouga cumpra a sua principal função: transportar pessoas.

 

Já prometeu eliminar as portagens nas Scuts. Tem consciência que os aveirenses já ouviram esta promessa noutras campanhas (nomeadamente por parte de António Costa) e a medida continua por cumprir?

Nós fizemos uma maldade a grande parte do território e não tínhamos esse direito. Temos que repor a justiça e o respeito por quem vive e trabalha no interior do país.

Ao longo dos últimos anos, a verdade é que temos feito um esforço para reduzir as portagens e seja feita essa justiça a António Costa.

Mas agora entendemos que há condições para eliminar as portagens nas antigas SCUT, desde logo na A25. Só assim conseguimos construir um Portugal Inteiro que não deixe ninguém para trás, mas olhe para todo o território como uma oportunidade de desenvolvimento económico.

Campus Jazz Publicidade

No que diz respeito à crise na habitação, como olha para a realidade distrital e que medidas concretas preconiza?

Não há balas de prata para a crise na habitação. Mas foi comigo e com o Governo do PS que foi lançado o maior plano de investimento público em habitação da história da democracia, aproveitando os fundos do Plano de Recuperação e Resiliência. As parcerias estabelecidas com as Câmara Municipais vão permitir também criar um volume considerável de novas habitações a custos acessíveis e dignas. Neste aspeto há bons e maus exemplos. Há autarquias locais com muito trabalho realizado na matéria, com obras concretizados e em execução, como é o caso de S. João da Madeira, por exemplo. E há autarquias que nada têm feito, como é infelizmente o caso do concelho de Aveiro.

 

A erosão costeira é uma preocupação? Como pretende agir nesta área na região, uma das mais afetadas?

Sou natural de S. João da Madeira e por isso conheço e conheci bem as praias do distrito nos últimos 40 anos. Quem viu e quem vê a praia do Furadouro, mas também Cortegaça ou São Pedro de Maceda. É assustador o avanço do mar e temos de reforçar a ação, em defesa do ecossistema, da área florestal afetada e das populações. Isso deve ser um desígnio nacional, que deve juntar o Governo, autarquias locais, entidades ambientais, académicos, engenheiros para que surjam novas abordagens para a resolução dos graves problemas que afetam este troço costeiro.

 

Que outros problemas ambientais mais apreensão causam?

Não desistirei da reabilitação ambiental da Pateira de Fermentelos. Estamos atentos aos índices de qualidade do ar em diversas zonas do distrito, sendo essa também uma das razões da nossa aposta no investimento em transportes coletivos mais baratos e com maior qualidade e oferta. Também a gestão de resíduos é um dos grandes desafios da nossa geração.

 

Aveiro é um distrito com muitas empresas e muita indústria. Que medidas defende para o sector?

A Economia do Mar é um pilar do desenvolvimento económico e social do país. A frente marítima do distrito de Aveiro confere-lhe especial centralidade. Prosseguiremos na defesa da navegabilidade da ria de Aveiro; da regularização hidrodinâmica do rio Vouga; do sistema de defesa do Baixo Vouga lagunar; e na proteção da orla costeira.

Defenderemos políticas públicas que reforcem as atividades marítimas tradicionais (pesca, em particular da Arte Xávega, transformação do pescado, aquicultura, indústria naval, turismo e náutica de recreio) e o Porto de Aveiro, afirmando-o no contexto ibérico e como pilar nacional na transição energética.

Defenderemos a articulação e colaboração entre as empresas e o Sistema Científico e Tecnológico Nacional, assumindo a Universidade de Aveiro como pilar estrutural no distrito, potenciando sinergias entre a universidade e o tecido empresarial.

 

Aveiro é um distrito que acolhe muitos imigrantes. Que política de imigração deve o país adotar?

Numa democracia de qualidade todos e todas têm direito a uma cidadania plena, civil e material e à defesa da sua dignidade sem transigências. As alterações que se vêm verificando no panorama político europeu, com a ascensão de movimentos extremistas, xenófobos e racistas, tornam mais urgentes as políticas de combate ao racismo e à discriminação étnico-racial e de apoio aos imigrantes, aos migrantes e aos refugiados, apelando ao reforço da nossa luta pela defesa intransigente dos direitos humanos e do Estado de Direito.

Ao contrário do que a extrema-direita quer passar, os imigrantes são responsáveis por um saldo positivo de 1.604,2 milhões de euros da Segurança Social. É quase o dobro de há quatro anos. Isto é, o contributo dos imigrantes para o país é muitíssimo superior ao que recebem.

Portugal, enquanto país de acolhimento que é o segundo país mais envelhecido da Europa, com a maior percentagem de cidadãos com mais de 65 anos, a situação demográfica e do território recomenda o rejuvenescimento da população. É absolutamente crítico para a nossa demografia, a nossa sociedade, a nossa economia, e para a sobrevivência do nosso sistema de segurança social e de serviços públicos essenciais, como o SNS.

 

A desertificação do interior é um fenómeno que também se verifica em Aveiro. É possível reverter a tendência e como?

Um Portugal inteiro valoriza todos os seus territórios, assumindo um modelo de desenvolvimento de coesão e ordenamento para o qual contribuem as políticas públicas de cidade com valorização do interior, dinamizando a economia e criando emprego. O interior tem ativos territoriais que têm de ser dinamizados. Um deles são as cidades e eixos urbanos, que devem ser âncoras de desenvolvimento. Nestes eixos temos maior capacidade para fixar população através de economias dinâmicas, que promovem emprego e geram oportunidades de bem-estar e vida digna. Só seremos um país desenvolvido e próspero cuidando do território como um todo: litoral e interior; áreas urbanas e territórios de baixa densidade.

Queremos assegurar a cobertura de todo o território nacional por redes de internet de alta velocidade, promovendo a conetividade dos territórios de baixa densidade e a eliminação de zonas sem cobertura de rede, assim como apoiar a criação de centros de qualificação no tecido empresarial, em articulação com a rede científica e de ensino superior, nos territórios de baixa densidade. Estas são apenas duas de muitas medidas que queremos implementar, para que seja dado um novo impulso para o desenvolvimento do interior.

Apelo a contribuição dos leitores

O artigo que está a ler resulta de um trabalho desenvolvido pela redação da Aveiro Mag. Se puder, contribua para esta aposta no jornalismo regional (a Aveiro Mag mantém os seus conteúdos abertos a todos os leitores). A partir de 1 euro pode fazer toda a diferença.

IBAN: PT50 0033 0000 4555 2395 4290 5

MB Way: 913 851 503

Deixa um comentário

O teu endereço de e-mail não será publicado. Todos os campos são de preenchimento obrigatório.