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Jan Wierzba: “Agora, vamos poder apresentar-nos na nossa própria casa”

Artes

Lino Silva

 

A três meses de completar o seu primeiro ano como diretor artístico e maestro titular da Orquestra Filarmonia das Beiras (OFB), Jan Wierzba teve a oportunidade de assistir, a partir do palco, à concretização de um sonho que a orquestra vinha alimentando há já vários anos. Passou a contar com novas e melhores instalações que lhe permitirão apresentar-se em casa própria. “A Orquestra Filarmonia das Beiras sempre foi uma orquestra convidada. Aqui, vamos poder apresentar-nos em nossa própria casa”, exalta o maestro que chegou a Aveiro em janeiro, para suceder a António Vassalo Lourenço – que mantém a direção executiva.

“Ainda vivi um bocadinho na Casa de Chá. O espaço, por um lado, tinha um charme imenso, mas não havia muito espaço de armazenamento - a parte do arquivo estava num sítio cheio de humidade –, nem uma sala onde nos pudéssemos apresentar”, repara, em conversa com a Aveiro Mag. No passado dia 1 de outubro, Dia Mundial da Música, essas limitações passaram a fazer parte da história. “Estamos todos muito contentes até porque o perigo de uma sala destas, construída ou reconstruída, é não ser acusticamente generosa, ser seca, e não é o caso desta. Muito pelo contrário”, realça o maestro, ainda que reconheça que ainda estão a ser feitos afinamentos na acústica do espaço.

Concretizada a mudança de instalações – o ensaio do dia 2 de outubro já aconteceu na Casa de Música -, resta aguardar por aquela que será a primeira apresentação da Orquestra Filarmonia das Beiras em casa própria. “Não deve ser já este trimestre, porque os testes [acústicos] ainda decorrem e a nossa programação já está bastante fechada sem contar com esta sala”, explica Jan Wierzba. “Seria espetacular fazer aqui um concerto de Natal, mas não acho que o consigamos. A não ser que seja algo para a comunidade, um ensaio geral aberto, uma coisa deste género, porque já não temos datas”, refere, deixando uma garantia: “Havemos de organizar algo para a comunidade que está à volta, em Aradas, porque queremos estreitar estes laços”.

Nascido na Polónia e criado no Porto, Jan Wierzba é tido como um dos mais promissores diretores de orquestra da atualidade musical portuguesa. Com um percurso significativo a nível nacional e internacional, veio para a Aveiro com a missão trazer novas abordagens a nível de programação e presença da orquestra na vida cultural da região. “Encontrei um grupo que está motivadíssimo para fazer um ótimo trabalho e para tocar. Por muito que seja heterogéneo também tem um ambiente familiar. Como qualquer família, tem tricas e coisas, mas está toda a gente muito disposta a resolvê-las. Encontrei uma casa já com muitos anos de funcionamento e é preciso também agora construir sobre todos esses anos de funcionamento”, refere, em jeito de balanço.

“Venho com as minhas próprias ideias e a verdade é que elas têm sido muitíssimo bem recebidas pelo Vassalo Lourenço, que tem a direção executiva, como também pelos próprios músicos. Sinto que estou cada vez mais a fazer parte da família, portanto, tem sido um tempo muito feliz”, acrescenta Jan Wierzba.

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Que ideias próprias tem, então, o maestro Jan Wierzba para a OFB? “Há várias coisas que é preciso trabalhar e que não são necessariamente do fora artístico, mas também. A forma como a orquestra se apresenta, a sua imagem, o género de programação que apresenta também, quais são os sítios em que se apresenta, qual é o público. Tudo isto influencia uma programação”, introduz. “No meu caso, acima de tudo, quero surpreender constantemente. Naturalmente que eu gosto do repertório clássico que todos conhecemos e queremos ouvir num concerto, mas eu sou aquela pessoa, e penso que os meus colegas músicos já perceberam, em que qualquer programa vai ter um pequeno twist. Gosto de incluir alguma coisa que, se calha, não é muito óbvia, não se ouve assim tão frequentemente em Aveiro, que traga também um desafio aos músicos”, revela, acrescentando: “Não vou dizer que as minhas ideias são inovadoras, mas eu gosto de tentar inovar um bocadinho, de cada vez”.

Avizinham-se, assim, tempos com pequenas e consecutivas inovações, a par com uma programação e agenda cheia. Festivais de Outono, Carmina Burana, Concerto de Natal, Concerto de Ano Novo, são uma pequena amostra do calendário que a OFB tem pela frente. E 2025 também já se adivinha bastante concorrido.

 

 

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