O foco da visita à adega da Quinta das Bageiras era o vinho, mas o produtor Mário Sérgio Nuno começou por falar do leitão. E, ao que parece, está legitimado para tal. “Sou confrade”, nota, com orgulho, enquanto vai cortando o leitão confecionado no vizinho restaurante Mugasa. O filho, Frederico Nuno, ajuda-o, servindo os vinhos. Afinal de contas, foi precisamente para isso que lá fomos, em vésperas de mais um Dia Internacional da Baga (celebra-se já este sábado, 3 de maio).
“Foi aqui que nasceu a ideia de criar este dia. Já havia o grupo Baga Friends e achámos que seria interessante fazer um Dia Internacional da Baga”, enquadra o homem por detrás da marca Quinta das Bágeiras, acérrimo defensor da região onde está inserido. Mário Sérgio Nuno sonha que a Bairrada possa ser um dia para o espumante aquilo que Epernay é para o champanhe.
Depois do repasto, Mário e Frederico abrem-nos as portas da cave, da adega, da sala de provas e do showroom - está tudo concentrado na Fogueira, em Sangalhos -, dando a conhecer o método de produção dos seus vinhos e parte da história da casa que une três gerações.
Em 1989, Mário Sérgio juntou as vinhas do seu avô paterno, Fausto, às do seu avô materno para fundar a sua empresa vinícola. Com o apoio do seu pai, Abel, “12 hectares de vinha que até então produziam vinho vendido a granel para caves da região, foram transformados em vinhos engarrafados com a nossa marca. À área de vinha inicial juntaram-se, mais tarde, outros 16 hectares, sempre no melhor ‘terroir’ da Bairrada”, explica, no texto de apresentação da história da marca.
“A minha convicção era simples: queria que os nossos vinhos fossem feitos com métodos tradicionais, sem tirar lugar à evolução da viticultura e da enologia, que é constante. É por isso que todas as nossas uvas são colhidas à mão, que os nossos tintos são feitos em lagares sem leveduras adicionadas, e os nossos espumantes não têm açúcar residual, por exemplo”, assevera.
Será um pouco isto o que irá explicar aos visitantes que aparecerem este sábado nas comemorações do Dia Internacional da Baga (é necessário bilhete). Além das visitas à cave, Mário Sérgio Nuno proporcionará momentos de degustação aos participantes (com petiscos tradicionais como orelhas de porco, rojões, sopa à lavrador e vinho, claro está) do evento que decorre entre as 10h00 e as 18h00 e terminará com aquele que é o primeiro Arraial da Baga, a partir das 18h00 no Clube d’Ancas.
Com uma forte componente cultural e comunitária, o arraial contará com música ao vivo, exposição sobre a Baga, petiscos regionais e vinhos da casta Baga, num ambiente familiar e descontraído. A artista plástica Dina Lopes assinala o momento com uma exposição inédita dedicada à casta, e os visitantes terão ainda a oportunidade de conhecer o trabalho dos burros sapadores e dos curiosos porquinhos viticultores, símbolos vivos da biodiversidade e sustentabilidade das vinhas da Bairrada.
Com entrada livre, mediante aquisição de bilhete único do Dia Internacional da Baga, os visitantes poderão circular livremente pelas adegas durante o dia e, à noite, celebrar em comunidade no Clube d’Ancas, com animação garantida até à meia-noite.