Foi inaugurada em Águeda a exposição “Museu de Arte Contemporânea do Tuvalu”, uma iniciativa promovida pela Câmara Municipal de Águeda que pretende ser um “grito de alerta” sobre as consequências das alterações climáticas, centrando-se na realidade dramática do pequeno Estado insular de Tuvalu, no Pacífico, que enfrenta a ameaça do desaparecimento devido à subida do nível do mar. A cerimónia de inauguração contou com a presença de Maina Vakafua Talia, ministro do Interior, Mudanças Climáticas e Meio Ambiente do Tuvalu, acompanhado por Shiv Shankar Nair, embaixador para as alterações climáticas junto da UNESCO e da UNFCC.
Durante a sessão, Jorge Almeida, presidente da Câmara Municipal de Águeda, destacou o papel do concelho enquanto produtor de arte e cultura, mas também como território profundamente comprometido com a sustentabilidade e o ambiente. Sublinhou que essa preocupação se cruza com a realidade “tão sensível para o povo de Tuvalu”, reforçando a intenção de estreitar laços com o arquipélago, não apenas a nível cultural, mas também noutras áreas. No mesmo contexto, salientou-se a colaboração com a Universidade de Aveiro, que esteve representada na inauguração, e com quem foi estabelecida uma parceria científica com vista ao desenvolvimento de ações de mitigação dos efeitos da subida do mar em Tuvalu.
Para Edson Santos, vice-presidente da autarquia, esta exposição é uma forma de contribuir para que a história e a cultura de Tuvalu perdurem, elogiando a resiliência do povo tuvaluano. Sublinhou ainda o trabalho desenvolvido pelo município junto das escolas na promoção da educação ambiental, destacando que o exemplo de Tuvalu serve como prova de que “tudo pode ter um fim se não mudarmos o nosso comportamento”.
Maina Talia, ministro tuvaluano, referiu-se à exposição como algo que significa muito para o seu país, uma montra da sua resiliência face aos desafios impostos pelas alterações climáticas. Sublinhou que estas alterações não se limitam à perda física de território, mas desafiam também a espiritualidade e o modo de vida do seu povo. A exposição, declarou, é uma forma de Tuvalu se afirmar no cenário internacional, demonstrando que enfrenta um problema que está além da sua capacidade de resposta e que não foi por si causado. Enfatizou ainda a importância de preservar o futuro do arquipélago e de garantir um sentido de continuidade para a sua existência.
A comitiva presente na inauguração integrou ainda Paula Cardoso, deputada na Assembleia da República, e Artur Silva, vice-reitor da Universidade de Aveiro, que reforçou a importância da união entre ciência, arte e sustentabilidade para alertar a comunidade global sobre os impactos reais e urgentes das alterações climáticas.
A exposição, com curadoria de Alex Côté e Paulina Almeida, reúne obras de 22 artistas nacionais e internacionais e está patente no antigo Instituto da Vinha e do Vinho, em Águeda. A mostra resulta de uma colaboração entre o Conseil des Arts de Montréal (Canadá), a Câmara Municipal de Águeda, a Universidade de Aveiro e o Governo de Tuvalu, através do seu Ministério da Cultura, Ambiente e Alterações Climáticas. Este projeto expositivo pretende ser um farol simbólico, onde a criação contemporânea se cruza com a urgência do presente e a imaginação do futuro. Tuvalu, arquipélago ameaçado pela subida das águas, é aqui reinventado como um território artístico e espaço de reflexão e transformação.
A exposição estará aberta ao público até 13 de julho. As visitas podem ser agendadas durante a semana através dos contactos do Centro de Artes de Águeda (CAA), através do e-mail caa@cm-agueda.pt. Aos fins de semana, a mostra poderá ser visitada entre as 14h30 e as 18h30.