António Granjeia*
O jornalismo e os jornais estão em mudança constante e acelerada há pelo menos duas décadas. As novas tecnologias da informação e a evolução dos média, principalmente os visuais e interactivos, têm colocado uma enorme pressão na gestão diária dos jornais. Em Portugal, como no resto do mundo, temos assistido a mudanças enormes em jornais (outrora instituições de referência) e empresas jornalísticas fortes.
Tem havido experiências inovadoras, como o Observador ou a aposta em jornais temáticos e ultra especializados. Muitos destas novas experiências ainda não têm tempo de vida suficiente para sabermos da sua sustentabilidade e outras falharam estrondosamente ou aguentam-se estranhamente.
A crise da imprensa não parou nem abrandou. Os jornais tradicionais não passam ao lado das novas regras de mercado que nos dão sobretudo, quebra de assinantes e de vendas em papel. Sobreviveram à rádio, às televisões, mas não é certo que sobrevivam à invasão das notícias em todos os canais possíveis e às redes sociais. Nos últimos anos assistiu-se à venda dos anéis (edifícios sede JN, DN e nalguns regionais) como forma de arregimentar dinheiro fresco, mas alternativas escasseiam. A diáspora ainda é o pilar que suporta algumas publicações regionais, mas começa a desinteressar-se e tende a diminuir, lendo no facilitismo da nuvem mediática ou das redes sociais as “suas” notícias mesmo que muitas vezes falsas.
Um outro problema e não menos preocupante para os jornais, é o indesmentível facto dos mais novos começarem a ter mais facilidade a ler tudo nos smartphones e a perder o encanto do papel. Por outro lado, as peças mais elaboradas do jornalismo clássico são mais difíceis de ler pelos mais jovens.
Que fazer?
Há que inovar e combater com as mesmas armas e assumir os custos de impressão enquanto der. Os grafismos impressos têm de ser ainda mais atrativos pelo que começam a ser difíceis de reinventar. Muitos jornais optaram pela cor total e mudam constantemente de grafismo, lançam sites na internet, fazem vídeos e apresentam-se nas redes sociais. Nem todos têm sucesso e pergunta-se o que será necessário para inverter a tendência mundial de preponderância das redes socias como promotores da informação que o consumidor deseja?Será que mesmo as redes sociais têm interesse no desaparecimento da informação pensada, elaborada e contraditada jornalisticamente?
O caminho (para jornais e publicações exclusivas do digital) passa por apostar mais no online com conteúdos fechados e por mudanças na forma como se escreve. As peças deverão ser mais curtas, diretas e simples, aproximando-se das publicações nas redes sociais. O incremento do vídeo a acompanhar será uma tendência a par de parcerias com outros grupos de médias regionais e nacionais. A integração nas redes socias será outro passo fundamental com estas últimas a darem notoriedades aos conteúdos jornalísticos em detrimento de publicações abusivas. O FB tem em marcha alguns projectos nesse sentido. (http://clubedeimprensa.com.br/facebook-apoia-projetos-para-combater-desinformacao)
A investigação jornalística deverá ser o foco na próxima década por forma a manter a atração nos conteúdos e a existência de aplicações fechadas para transferir a leitura para os smartphones ou outros meios conexos.
A dinamização cultural, como hoje já faz em algumas publicações, essencial para manter a receita. O grande desafio é passar os assinantes do papel para o digital uma vez que qualquer dia teremos “papel” digital com capacidade para suportar conteúdos diversos.
Esta semana nasceu um novo projeto informativo online em Aveiro. À equipa da Aveiro Mag só posso desejar as maiores felicidades.
*Colaborador