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Surf em Portugal e o impacto do turismo do surf

Opinião

Ana Moura *

Fazendo uma retrospetiva da história do surf em Portugal, para perceber e enquadrar o seu impacto no turismo nacional, teremos de recuar até à década de 20. Verifica-se que o registo mais antigo é um filme de 1927, onde se vê um grupo de homens a praticarbellyboardem Leça da Palmeira. No entanto, a prática de surf em Portugal só começou a ter expressão a partir da década de 60. No final desta década, e principalmente devido a um artigo numa revista Americana (Surfing Magazine) sobre as ondas de Sagres, começaram a aparecer, com mais frequência, grupos de surfistas Americanos e Ingleses em surf trips. Facto que começou a atrair mais praticantes nacionais, contudo na época, existia uma séria falta de material. A nossa chamada indústria do surf, só começou a ter expressão mais tarde no final da década de 80.

Nas últimas décadas, o surf tem crescido como desporto em toda a Europa e já conta com um elevado número de praticantes. A nível nacional, tornou-se o desporto da moda, o que atraiu imensos praticantes portugueses. Além disso, acontecimentos como a onda gigante da Nazaré, aliados ao facto do nosso País ter uma imensa extensão de costa e condições únicas que permitem surfar o ano inteiro, fizeram com que a costa portuguesa fosse notícia em todo o Mundo.

Isto provocou um aumento de turistas estrangeiros praticantes da modalidade. Por outro lado, oturismo português tem investido cada vez mais em grandes provas de surf. Os campeonatos internacionais atraem meios de comunicação social, que por sua vez promovem o destino durante a cobertura do evento. Paralelamente, foram também feitas campanhas internacionais de surf que fomentaram o crescimento do número de turistas do desporto, não só no continente como também nas ilhas.

Os surfistas são, normalmente, pessoas que se dedicam a viajar, muitas vezes com acompanhantes, para poderem experienciar tipos diferentes de ondas. De uma forma geral, estes praticantes assíduos da modalidade, procuram não só boas ondas, mas também outros requisitos, tais como, a ausência de crowd, boas condições para a prática do desporto, segurança e elevada qualidade das refeições. Em Portugal, existe dois tipos de turismo de surf. Os praticantes assíduos, que normalmente viajam nos períodos das temporadas locais e os iniciantes ou praticantes esporádicos, que normalmente são os turistas de surf de verão. Isto permite que haja turismo de surf em Portugal durante todo o ano.

No entanto, o impacto do surf, em toda a costa continental, faz-se sentir a vários níveis. Há cada vez mais escolas de surf,surf camps, surfhostels, surfhouses… Poder-se-ia dizer que isto é excelente para a economia portuguesa. Mas será que é mesmo? A curto prazo talvez, mas e a longo prazo? Caso existisse um crescimento ordenado, com fiscalização e com legislação, talvez a resposta fosse, sim. Mas isto não se tem verificado (problemas apontados num debate promovido pela Surf Out Portugal, Associação de Turismo de Cascais e Associação de Escolas de Surf de Portugal, em maio de 2019).

Existe em determinadas zonas, uma pressão imobiliária com descaracterização do território e uma falta de infraestruturas. Há um crescimento desgovernado, e em alguma altura os lucros vão estagnar e decair. Isto porque, nos meses de verão, temos praias sobrelotadas, sem espaço para surfar tranquilamente. Por um lado, há uma proliferação de escolas, lojas e campos de surf. Por outro, as pessoas começam a não se sentir bem em ambientes com muita gente aglomerada. Efeito negativo que pode começar a afastar os turistas.

Para se ter um turismo de surf sustentável a longo prazo, é necessário que sejam adotadas práticas de gestão sustentável. Além disso, qualquer decisão deveria ser tomada envolvendo todos os Stakeholderslocais. É também crucial fazer uma avaliação não só dos impactos económicos, como também ambientais, causados pelo desenvolvimento do turismo de surf.

* Professora da Universidade de Aveiro e praticante de surf
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