As suas primeiras referências musicais são as do avô materno a tocar acordeão e do já falecido músico ilhavense João da Madalena a tocar violino na missa. Quis seguir os passos deste último e foi aprender música na Banda dos Bombeiros Voluntários de Ílhavo - Música Nova. Tinha apenas 8 anos quando começou a estudar flauta. “Aprendíamos o instrumento que fazia falta na banda”, conta, sem lamentar - muito pelo contrário – aquilo que o destino lhe trouxe. Desde então, nunca mais parou. Fez a licenciatura e mestrado na área da música, dá aulas e também toca em orquestras. Em 2024, andou em digressão pela China, experiência que lhe deixou marcas indeléveis. Aos 31 anos, Maria João Balseiro quer continuar a fazer da música o seu modo de vida, de preferência sempre com a possibilidade de ensinar. “Gosto de fazer a diferença na vida das crianças”, testemunha em conversa com a Aveiro Mag.
Foi na Vista Alegre que passou parte na infância. Como a mãe trabalhava no infantário da fábrica, foi por lá que andou nos primeiros anos da sua vida, altura em que já revelava uma certa queda para a música. “A minha mãe conta que, desde muito pequena, eu gostava de cantar”, relata. Aos 8 anos já estava, então, a receber as primeiras lições de música, aos 10 anos começou a tocar com a banda e, três anos depois, entrou no Conservatório de Aveiro, antecedendo a licenciatura na ESMAE (Escola Superior de Música e Artes do Espetáculo) e o mestrado na UA (Universidade de Aveiro). Sempre sem deixar a banda da Música Nova, de Ílhavo. “É algo que não quero deixar de todo. Foi onde comecei e tenho lá muitos amigos. E é interessante que, como a maioria são amadores, são de outras áreas completamente diferentes que não a música”, destaca.
Maria João Balseiro pode falar na primeira pessoa da importância das bandas filarmónicas no ensino e promoção da cultura musical. “São elas que permitem às crianças que não têm capacidade para ir para as grandes cidades aprenderem música. E as bandas têm um ensino muito rigoroso e muito bom”, destaca a flautista que também é professora. “Já andei por vários sítios, nomeadamente pelo Conservatório de Aveiro, Conservatório do Porto e de Coimbra. Neste momento, estou numa escola que é a Academia de Música Costa Cabral, também no Porto. Dou aulas desde os mais pequeninos, desde os 6 anos até aos 18 anos”, refere.
Pergunto-lhe se chegou a ter um plano B, dadas as dificuldades em fazer carreira na área artística. “Sim e, por acaso, ainda estou a trabalhar nele”, conta, prosseguindo: “Fui diretamente para música, mas vi que havia outras questões que era importante saber. Nós, músicos, temos alguma dificuldade com Finanças, Segurança Social, porque trabalhamos quase sempre a recibos verdes. “Eu senti alguma necessidade de saber mais sobre essa área e inscrevi-me na licenciatura de contabilidade da UA. E estamos a ir. Estou no segundo ano”. Quer isto dizer que, além de flautista, Maria João pode vir a ser, também, uma contabilista especializada para músicos. “Achei que fazia falta”, aponta.
Em digressão pela China
Além de dar aulas, a flautista ilhavense toca na Orquestra da Costa Atlântica, sediada em Esposende, e também vai fazendo alguns concertos com outras orquestras, nomeadamente a Orquestra das Beiras e Orquestra Filarmónica Portuguesa. Foi com a Costa Atlântica, onde é primeira flauta, que teve a oportunidade de, recentemente, viver uma experiência muito enriquecedora. Viajou até à China para uma digressão de 50 dias. “Fizemos 22 concertos em várias cidades. Percorremos quase 13.500 quilómetros, fora as viagens daqui para a China. Foi uma experiência que nunca pensei que pudesse ter. Estar a fazer aquilo que gostamos, a tocar, e a conhecer outros sítios e outras culturas”, repara. Gostou da forma como o público chinês os acolheu. “Eles gostam muito de nós, queriam muito conhecer-nos”, avalia a flautista que tem como grandes referências Emmanuel Pahud e James Galway, a nível mundial. “A nível nacional, a Ana Maria Ribeiro, que por acaso tive a sorte de ter como professora, e a Adriana Ferreira, que é uma flautista de Cabeceiras de Basto que toca em Itália”, destaca.