Das mais de mil e uma maneiras que se diz existirem para confecionar bacalhau, pelo menos, 38 estão no novo livro “Samos, Caras e Línguas”, apresentado hoje, no Cais Criativo da Costa Nova, em Ílhavo.
Uma autêntica viagem pelos sabores que carregam a história da faina maior, que, em pouco mais de oitenta páginas, celebra a gastronomia do Festival do Bacalhau e homenageia todos quantos, ao longo dos anos, têm feito parte daquele certame, trabalhando o bacalhau e os seus derivados, transformando-os em pratos plenos de paladar e aromas do mar. Fátima Teles, vereadora da câmara municipal de Ílhavo, aponta mesmo as associações ilhavenses, parceiras do município na organização do festival e autoras das receitas presentes na nova obra, como “as grandes protagonistas do livro”.
“Samos, Caras e Línguas” é o segundo volume da coleção “A Nossa Mesa”. A primeira edição da obra inaugural – “Chora e Feijão Assado – Gastronomia da Pesca do Bacalhau” –,uma homenagem aos cozinheiros dos navios bacalhoeiros e aos pratos que estes confecionavam a bordo, apresentada no final do ano passado, esgotou rapidamente (já está a ser preparada uma segunda edição). O presidente da câmara municipal de Ílhavo antecipa um destino semelhante para o novo volume. Na sessão de apresentação de “Samos, Caras e Línguas”, Fernando Caçoilo sublinhou “as saudades” que toda equipa organizadora sente do Festival do Bacalhau, cancelado em 2020 e também em 2021 por conta das restrições impostas pela pandemia.
Ainda assim, se, por um lado, a Covid-19 não possibilitou a realização daquele evento nos últimos anos, por outro, abriu espaço para que a equipa municipal e as associações parceiras se dedicassem ao desenvolvimento da coleção “A Nossa Mesa”. “Há muito que nós queríamos deixar escrito este legado gastronómico, contando a história da gastronomia de bordo e do Festival do Bacalhau. A pandemia trouxe-nos essa oportunidade”, reconhece também Fátima Teles.
Entre receitas tradicionais e propostas mais arrojadas e inovadores, em “Samos, Caras e Línguas”, são várias as receitas o bacalhau em posta é figura de destaque. No entanto, é nos subprodutos do bacalhau – os tais samos, caras e línguas, mas também as ovas ou até o bacalhau desfiado –, que está a verdadeira mestria ilhavense na confeção do fiel amigo.
À Confraria Gastronómica do Bacalhau, na pessoa do seu grão-mestre, João Madalena, coube a tarefa de terminar o livro com um inspirado epílogo no qual, versejando, dá voz ao próprio bacalhau, personagem central destes livros, do festival e, de certa forma, da vida das gentes ilhavenses.
“Samos, Caras e Línguas” será novamente apresentado, e estará disponível para venda, em cada uma das noites gastronómicas do “Bacalhau ao Cais”,um evento dedicado ao fiel amigo que arranca amanhã, quinta-feira, e decorre até ao dia 14 de agosto, no Cais Criativo da Costa Nova. Serão 9 jantares diferentes (alguns dias já estão esgotados), com ementas únicas, preparadas pelas nove associações ilhavenses que costumam montar restaurante no Festival do Bacalhau.