Os Bateu Matou não são, de todo, uma banda convencional.No princípio era o ritmo – inevitável e urgente –, a bateria – instrumento que os unia e desafiava – e a vontade de pôr toda a gente a dançar. Riot, antigo membro dos Buraka Som Sistema, Ivo Costa, que trabalha com Sara Tavares e Batida, e Quim Albergaria, responsável por uma das baterias siamesas dos Paus, juntaram-se, em 2018, pelo desejo de trabalharem em conjunto e pela curiosidade de explorar um espaço algo ambíguo e encoberto entre aquilo que é uma banda e o que é um DJ. Desta improvável junção de três bateristas, resultou um superconjunto, formado, numa primeira fase, “para uma noite de baile” em Lisboa, em que sobrepunham linhas de percussão a um set de DJ de forma a imprimir-lhe ritmo, volume e intensidade, mas que rapidamente evoluiu para uma dinâmica de banda, com originais em formato de canção e vozes associadas.
Riot, Ivo e Quim são três bateristas com identidades artísticas e mestrias técnicas muito próprias, já para não falar dos backgrounds que os suportam e influenciam. No entanto, são, acima de tudo, “fãs do trabalho uns dos outros”. Quem o garante é Quim Albergaria, de quem terá partido o desafio de juntar este trio. O baterista esteve à conversa com a Aveiro Mag em antecipação ao concerto da próxima segunda-feira, em Aveiro, no qual a banda vai apresentar o seu álbum de estreia – “Chegou” – editado em maio passado.
Quim Albergaria guarda boas memórias da região e do público aveirense, elogiando uma cidade que considera “muito aberta e recetiva à novidade”.
“Aveiro é sempre das primeiras a mostrar-se interessada naquilo que é novo e diferente. E, depois, esta sede pela novidade, esta cultura de querer experimentar outras perspetivas e saborear outras coisas, manifesta-se de muitas formas: é uma região aberta ao mar, à cultura, tem produção artística própria e a questão da ciência, com a universidade”, expõe o músico.
É, por tudo isto, com “especial orgulho” que os Bateu Matou se apresentam na Praça da República, em Aveiro, na próxima segunda-feira, dia 21 de junho, às 22h00. Neste concerto, organizado pelo Teatro Aveirense, a banda vai poder contar com a participação de vários convidados que colaboraram na construção do álbum: Héber Marques, dos HMB, que, no disco, dá voz a “Povo”; Papillon, que canta “Clichê”, o segundo tema do álbum; e Miguel Pité, dos MGDRV, que se pode ouvir na faixa 4 – “Bandido” – deste trabalho de estreia.
Os Bateu Matou chegaram a ensaiar soluções digitais para que as outras vozes, mesmo que de forma não-presencial, pudessem estar sempre presentes no concerto, mas cedo concluíram que “um músico bem ensaiado é sempre um ativo muito melhor do que qualquer tecnologia bem programada”. Nesse sentido, convocaram a vocalista Raissa Bhering que deverá acompanhar a banda não só no concerto da próxima segunda-feira, mas nas apresentações que se seguirem.
Apesar de não ser a primeira vez que tocam em Aveiro (Bateu Matou fez a primeira parte do concerto de Slow J no Festival de Integração de Aveiro, em 2019, no Campus universitário), esta não deixa de ser uma noite de estreias para a banda. É a primeira vez que apresenta o seu álbum de estreia num espetáculo fora de Lisboa e a primeira vez que o toca ao ar livre. Quim Albergaria assegura que o espetáculo dos Bateu Matou “não só está preparado, como sedento de palcos grandes”. “Preparámo-lo para isso mesmo. Ainda não sei se está previsto termos uma plateia sentada ou espacejada, mas vai ser difícil não dançar”, alerta.
O concerto dos Bateu Matou é de entrada livre e os bilhetes podem ser levantados no próprio dia e local, a partir das 20h30.