A Fábrica das Ideias da Gafanha da Nazaré acolhe esta sexta-feira, 2 de fevereiro, duas sessões do espetáculo “Homo Sacer”, criação conjunta da estrutura artística Bestiário com a ativista e encenadora Maria Gil. A primeira sessão, integrada no Territórios Públicos, encontro de mediação e serviços educativos, acontece às 10h00 e inclui, no final, uma conversa com a equipa artística do projeto, moderada por Rosa Madeira, professora do Departamento de Psicologia e Educação da Universidade de Aveiro. O espetáculo acontece às 21h30 do mesmo dia.
Num ano marcado, mais ainda, pela discussão de liberdades, limites e preconceitos na programação do 23 Milhas, “Homo Sacer” desafia o público a refletir sobre o lugar das pessoas ciganas na História e nos territórios que habitam, tendo havido um trabalho prévio da Bestiário, em residência artística na Gafanha da Nazaré, com a comunidade cigana que reside no Município de Ílhavo. De acordo com a sinopse do espetáculo: “a expressão homo sacer, que dá nome ao espetáculo, tem a sua génese na lei romana para designar aquele/a que nunca teve ou deixou de ter identidade e, desta forma, entrega o seu destino aos deuses.
Tendo como referência o livro “Homo Sacer e os ciganos”, de Roswitha Scholz, e em simbiose com a ativista e co-encenadora Maria Gil, a estrutura Bestiário procura, sob uma perspetiva ao mesmo tempo antropológica e política, refletir sobre o anticiganismo. Percorre, assim, a historiografia do povo cigano no Ocidente, explorando eventos como a perseguição sofrida durante a era industrial protocapitalista ou o genocídio nazi, até aos crescentes populismos contemporâneos.