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Ulisses Pereira disponível para regressar a Aveiro, mas só com projeto a três anos

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Quem anda no andebol sabe que ter Ulisses Pereira é sinónimo de ter sucesso. Mas também sabe que o sucesso anda de mãos dadas com um conceito raro no desporto: um projeto. Quem não pensar no médio prazo, é escusado tentar. E é por isso que, depois de um ciclo de seis anos, desta feita no topo da pirâmide, ao leme da seleção nacional feminina, Ulisses Pereira assume que é tão possível vê-lo a treinar como a ficar em casa, imbuído num novo desafio profissional que lhe tem absorvido o pensamento e as energias.

Seis anos passaram num ápice, como selecionador nacional feminino. Como foi receber esse convite e que balanço é possível fazer?

É um convite que, quando se recebe, não se pode recusar. Fui convidado para que, num projeto bem estruturado e a médio prazo, se pudesse reduzir as diferenças para as restantes seleções. Mas sem perder de vista a criação de uma nova geração de valores que, com as mais velhas, assegurassem o presente e o futuro. Acho que se pode dizer que se conseguiu e que, nesse sentido, o trabalho foi positivo.

A eliminação para o Mundial de 2021 com a potência que é a Alemanha foi o melhor final?

Nesses jogos mostrámos a evolução do trabalho feito. Mas é importante ressalvar que grande parte do sucesso se deve, sobretudo, à entrega e ao espírito que se vivia na seleção. Foi conseguido que as rivalidades ficassem fora do balneário e se criasse um grupo forte, unido, sem problemas. No entanto, acredito que nesta altura era importante surgir alguém diferente, que desse um impulso diferente à seleção para que esta continue a sua evolução.

Daí a decisão de sair por vontade própria?

Sim. Eu gostei muito de treinar a seleção nacional, mas na verdade eu gosto é do trabalho diário. Do treino. De construir equipas. De preparar ideias. De preparar o jogo seguinte. Tenho saudades de treinar clubes. De trazer felicidade às pessoas diariamente, de as fazer apaixonar e vibrar pelas suas equipas. Nesta altura, é isso que quero.

O telefone já tocou? Temos a caminho um novo projeto?

O telefone tem tocado, é um facto. Não só agora, mas durante todo o meu percurso na seleção que, como se sabe, não é algo que nos tome muito tempo. Se analisarmos de forma realista, percebemos que estes seis anos representam, em número de dias, o mesmo que uma época ou pouco mais que isso. Mas eu tenho algumas questões que me podem condicionar. Nesta altura da minha vida, para eu aceitar qualquer desafio no andebol, terei de ter um conjunto de questões que podem não ser fáceis.

Tais como?

Eu moro em Aveiro e não quero sair daqui. É ponto assente. Por isso a mancha geográfica pode ir até à zona do Porto e, a Sul, até Leiria. Para além disto, não será possível, porque eu quero vir dormir a casa. Não tenho nenhum problema com a questão de ser masculino ou feminino, mas já tenho, por exemplo, na competição.

Como assim?

Por norma não treinarei de novo formação. Estou vocacionado para treinar seniores. E depois – fundamental – não treino primeira divisão masculina.

Mas isso é algo contraditório com ter, na teoria, uma carreira. Qual o motivo?

Em Portugal, grande parte dos clubes são uma espécie de marionete de uma pequena minoria. São reféns dos clubes grandes. Só consegues ser competitivo se, de alguma forma, fizeres um acordo ou um protocolo com algum deles, para que depois te cedam os atletas que querem fazer rodar e isso, quer se queira quer não, tem pouco a ver com aquilo que é o desporto. Recebi um convite recentemente e recusei por causa disso.

Então o que é preciso fazer para ter o Ulisses a treinar?

A primeira questão é inequívoca. Só aceito propostas a três épocas. Sem isso, é para esquecer. Porque só assim é que se pode apresentar trabalho e não cair na tentação, errada a meu ver, de querer mudar tudo quando se chega. Só depois de um ano de trabalho é que se pode perceber o que se pode e deve mudar. Uma direção que me queira já sabe que vai ter de levar comigo em muito mais que só andebol. E, depois, a minha prioridade passa pelos clubes que tenho paixão ou por um novo projeto que me faça apaixonar. Se assim não for, posso ficar sem treinar, o que efetivamente não é nenhuma tragédia, até porque estou envolvido num novo projeto profissional, envolvente, que me entusiasma.

Esses clubes pelos quais o Ulisses tem “paixão” são quais?

São os clubes de Aveiro que já treinei. O Alavarium e o São Bernardo. Mas também sei que tanto um como o outro estão bem servidos e com projetos de sucesso. O Alavarium, no feminino, com o Carlos Neiva, está no bom caminho para lutar pelo título, e o São Bernardo, no masculino, com o Tiago Portas, que pode regressar à Primeira Divisão. Não há qualquer motivo lógico para mudar de liderança e tanto o Neiva como o Portas, que acredita em muitas coisas como eu acredito, têm feito um trabalho de qualidade.

Há espaço para um terceiro clube em Aveiro, onde, por exemplo, se pudesse fazer um trajeto igual ao que fez no Alavarium?

Eu acredito que há, mas considero que, para mim, seria sempre complicado. Dou como exemplo o Beira-Mar que o tentou há alguns anos e que não resultou. Porque começaram pelo telhado, com uma equipa sénior, e com uma base – leia-se formação – fora do concelho. Não tem a ver com o clube, mas com as condições. Com a estrutura técnica e com a logística necessária para fazer um projeto desses.

Para o Ulisses, a questão do pavilhão municipal será diferenciadora?

Eu sei que ao dizer isto posso ser interpretado de forma distinta, mas tanto o Alavarium como o São Bernardo tiveram investimento por parte da autarquia nos seus pavilhões, que os ajudou a exponenciar todo o trabalho feito. Um novo pavilhão municipal, uma nova oficina, que complemente e permita ter mais horas de treino será um apoio, mas, neste caso, o investimento foi feito.

Fazendo uma retrospetiva rápida do que foi a carreira do Ulisses em clubes, até hoje, quais os melhores momentos?

Consigo, como treinador, distinguir dois. Primeiro, no Alavarium, em que com o Neiva e o Herlander construímos um projeto de base, de raiz. Na altura, tal como agora, o presidente, o Paulo Elísio, acreditou em nós, no nosso projeto e nas nossas ideias e deixou-nos trabalhar. A vantagem é que nenhum de nós tinha família nessa altura e demos muito, muitas horas, que depois tiveram o lado bom da medalha: as vitórias. Conquistámos e revalidámos o título de campeãs nacionais seniores e nesse dia terminou, para mim, um ciclo de doze anos. Depois, o segundo momento, nos seniores masculinos do São Bernardo. Fui para o São Bernardo porque acreditei nas pessoas, no Ferro, no Maio e no André Sousa. Não me desiludiram, foram sempre verdadeiros e cumpridores. Como não tínhamos dinheiro para milagres, a ideia sempre foi juntar jogadores mais experientes com os mais novos, da formação, e em três anos tentar trazer o clube de novo para a Primeira Divisão. Consegui-lo foi o mesmo sentimento que ser campeão nacional no Alavarium.

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