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Diogo Carriço, pianista e artista audiovisual de paisagens para ver e ouvir

Artes

Diogo Carriço, 25 anos, é o pianista e artista audiovisual por trás de ‘Sal de Lágrimas’, uma faixa que “vê o salgado da tristeza de forma calorosa e o mar como apaziguador que leva lágrimas desnecessárias”.

Natural de Rio Meão, Santa Maria da Feira, iniciou o seu percurso no instrumento de teclas quando tinha apenas cinco anos e, desde então, tem procurado reinventar-se e construir, num processo que não cessa, a sua identidade artística.

Em 2017, com uma licenciatura em Piano Clássico, fez-se a uma das mais prestigiadas instituições da Europa – o Conservatório de Amesterdão –, a fim de estudar Música Eletrónica e fazê-la cruzar-se com o instrumento acústico.

Em 2019, venceu o prémio Jovens Criadores, atribuído pelo Centro Nacional de Cultura, com o projeto “Aventuras com piano e eletrónica”, uma performance em que elementos acústicos, eletrónicos e visuais se movem numa relação simbiótica que desperta os muitos sentidos do espetador.

Hoje, em Utrecht, após o seu primeiro lançamento a solo, com ‘Sal de Lágrimas’, tem em mãos vários projetos, entre eles o de criar um álbum que possa ser tocado em concerto, sem espaço para interrupções ou distrações do mundo quotidiano.

Diogo compõe inspirando-se no ruído e na pressa de todos os dias para que, quando em palco, possa proporcionar a quem o vê e o ouve “uma ausência de tudo isso”, numa dança entre “paisagens sonoras oníricas e trabalhos visuais que têm tanto do mundo real como de pinturas abstratas, fluídas e até psicadélicas”. "Tudo faz sentido quando a plateia se sente conectada com o que estou a tocar. É para isso que eu cá estou, para aqueles minutos de sentido”.

As teclas como expressão

Estava ainda na “sala dos cinco anos” quando pediu aos pais para ter aulas de piano. Recorda-se de um episódio de Tom & Jerry em que “o gato se apresentava publicamente em concerto” e do fascínio imediato que o instrumento despertou nele. “Talvez tenha começado aí a vontade de querer tocar nas teclas e ser capaz de me expressar através delas”, conta o jovem músico que começou por concretizar essa vontade na Escola de Música do Grupo Coral de Esmoriz.

Foi já no Ensino Secundário que, entre as vastas opções do universo do curso de Ciências e Tecnologias, decidiu fazer caminho na música, com a certeza de que era o que o faria feliz. “De certa forma, ainda que não soubesse como – e ainda estou a descobrir –, sabia que era possível. Por um lado, foi escolher aquilo que me fazia feliz, por outro foi o assumir o compromisso para comigo mesmo de fazer o possível para fazer resultar”, partilha.

Com um percurso sólido, por entre escolas como a Escola de Música do Grupo Coral de Esmoriz, o Centro de Cultura Católica do Porto e o Conservatório de Música do Porto, fez-se a Castelo Branco para uma licenciatura em Piano Clássico, na Escola Superior de Artes Aplicadas. Aí, porém, ainda que com a certeza de que era aquele o seu instrumento primordial, não tardou a sentir borbotarem algumas inquietações.

Criar, sem restrições

No segundo ano de licenciatura, começou a sentir falta de várias coisas. “Sentia falta de eu criar, de expressar a minha própria música, comecei a sentir falta de me conectar, de certa forma, com a sociedade de hoje e com a música que eu ouvia quando chegava a casa”, conta. Esse borbulhar fez com que quisesse, primeiramente, compor para cinema mudo, imaginando uma performance em que a narrativa do filme era acompanhada por uma narrativa musical paralela, por si construída. Havia, no entanto, uma limitação inerente a essa narrativa: uma restrição rítmica – “teria sempre de corresponder às imagens do filme”. Foi neste processo de desconstrução e construção de novos caminhos que se deu o “ponto de viragem”, quando, num concerto, viu a reação em tempo real de elementos visuais ao que estava a ser tocado pelo músico. Quando descobriu que o vídeo poderia ser programado para responder à sua vontade musical, soube que “já não havia retorno”, que seria por aí o caminho.

Fotografia: Diogo Carriço

Ainda em Castelo Branco, procurou a ajuda de colegas da licenciatura em Música Eletrónica e começou a trabalhar no seu primeiro projeto de piano e música eletrónica, que usou para concorrer ao Conservatório de Amesterdão. Em 2017, mudou-se para a Holanda, entrando “num mundo novo” em que a diversidade e a criatividade eram as palavras de ordem. Quando o avião pousou em Amsterdão, conta, uma das primeiras coisas em que reparou foi um anúncio com a mensagem “Start Small, Dream Big”. Coincidência? “Foi um pouco como me senti quando cheguei ao Conservatório”, conta, “um edifício enorme” onde, durante dois anos, pôde “experimentar as coisas que pretendia” e, aos poucos, tornar palpável o espetáculo que almejava construir. Foi como “um período de incubação”, em que, todos os meses, era convidado a tocar, em concerto público, o trabalho que ia desenvolvendo, sem restrições, com liberdade.

‘Sal de Lágrimas’, o início

Terminado o período de experimentação que o Conservatório de Amesterdão lhe proporcionou e já depois de ter vencido o prémio Jovens Criadores, lançou, no dia 5 de novembro de 2020, ‘Sal de Lágrimas’, uma faixa que “vê o salgado da tristeza de forma calorosa e o mar como apaziguador que leva lágrimas desnecessárias”. O seu primeiro lançamento a solo que “marca o início” e que permitiu a Diogo assumir, perante o mundo, as escolhas que foi fazendo em termos artísticos, agora de forma mais “coerente”.

Fotografia: Diogo Carriço

Toda a experiência começou em 2019, quando visitou a ilha da Madeira, com o propósito de atuar no festival MadeiraDig, com o colega e amigo Daniel Bolba. “Foi a primeira vez que visitei uma ilha e foi um pouco desconcertante ter mar a toda a volta”, conta Diogo, que, num passeio pela Praia Formosa, recolheu as imagens que, posteriormente manipuladas, viriam a preencher o videoclip de ‘Sal de Lágrimas’.

A faixa, para “ser escutada e vista pelo mundo”, “marcada por uma metamorfose gradual de padrões melódicos simultâneos” e “paisagens que se dissolvem em pinturas aquosas abstratas” com um quê de psicodelia, tem sido bem recebida, conta o artista, que encontra nesta abertura ao mundo uma motivação para “chegar mais além”.

Motivação que jaz não só no reconhecimento mais formal do seu trabalho, como ter-lhe sido atribuído o prémio Jovens Criadores, “mas também nos detalhes, como a expressão na cara de alguém. Pode parecer pequeno, mas não é. Por vezes, depois do concerto, há pessoas que têm dificuldades em expressar-se. Pessoas que querem acompanhar o meu trabalho. Isso é das coisas que mais me dá alento. Alguém que está do lado de lá e que está à espera do que vem a seguir”, conta, com a certeza de o percurso se faz também de pequenas (grandes) coisas.

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