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Fátima Araújo: “Podem e devem continuar a confiar na informação da RTP”

Sociedade

Foi, durante muitos anos, sinónimo de televisão em Portugal. Nasceu como veículo de um regime autoritário que tentava imprimir modernidade à propaganda que, no seu conteúdo, era vazia, pomposa e caquética; a Democracia livrou-a da censura instituída, mas impôs-lhe novas lógicas de expressão, a necessidade de isenção, critério e atualidade e a responsabilidade de prestar serviço público; viveu no conforto do seu monopólio até ao aparecimento das estações privadas, no início da década de 1990; alguns anos mais tarde, assistiu a uma nova revolução, com o advento dos canais de TV por cabo e, logo a seguir, dos conteúdos digitais veiculados através da internet

No próximo dia 7 de março, a RTP assinala 65 anos de emissões, programas e notícias. A estação pública tem evoluído a par com a sociedade e a sua história relaciona-se, reflete-se e confunde-se com a história do próprio país. Em vésperas de mais um aniversário, a Aveiro Mag esteve em contacto com a jornalista Fátima Araújo. A feirense, um dos rostos da informação da RTP, assegura que, hoje e sempre, “as melhores prendas” que a estação pode receber são “a fidelidade e o reconhecimento do público”.

Em direto dos estúdios do Monte da Virgem, em Vila Nova de Gaia, Fátima apresenta o diário “24 Horas” – à meia-noite, na RTP3 – um olhar sobre o dia que termina e os acontecimentos que marcam a atualidade no dia que começa. Logo a seguir, no mesmo canal, assegura o “Manchetes 3” – entre a 1h00 e a 1h30 –, onde passa em revista os títulos dos principais jornais portugueses, e o “Especial Informação” – entre a 1h30 e as 2h00. Aos fins de semana, além destes blocos noticiosos, assume ainda o jornal das 19, na RTP3, e o “Jornal 2”, às 21h30, na RTP2.

Fátima Araújo é licenciada em Jornalismo pela Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, onde fez igualmente uma pós-graduação em Jornalismo e Comunicação. Também na Universidade de Coimbra, mas, desta vez, na Faculdade de Direito, chegou a frequentar uma pós-graduação em Direito da Comunicação e realizou ainda uma formação profissional na Universidade de Georgetown, em Washington, patrocinada pela Fundação Luso-Americana. Antes de se estabelecer no jornalismo televisivo com a marca da RTP, passou pela TSF, pela Renascença e pelo Jornal de Notícias. Experiências tão diversas quanto enriquecedoras, que ajudam a feirense a sustentar a convicção de que a estação pública é “um referencial de credibilidade e de práticas informativas que honram o jornalismo”. “Os espectadores podem e devem continuar a confiar na informação da RTP”, considera.

Apesar de ter construído boa parte da sua carreira à frente das câmaras, quanto lhe pedimos para escolher entre as funções de pivô e de repórter, parece não ter quaquer dúvida: “Prefiro o trabalho no terreno”. “O trabalho no terreno permite-nos ter um olhar presencial e privilegiado sobre os acontecimentos, sem intermediários, o trabalho do pivô é sempre condicionado ao olhar, à leitura, à interpretação e à valorização dos critérios de noticiabilidade de quem esteve no terreno. Logo, o olhar do pivô é sempre baseado no olhar dos outros e condicionado pelos outros”, explica.

No entender de Fátima, “o nível de exigência para um jornalista é o mesmo, independentemente do órgão de comunicação onde trabalhe”. Ainda assim, “talvez os jornalistas da estação pública sejam mais escrutinados, mais suscetíveis de comentário e de reprovação pública, justamente, por terem uma obrigação de serviço público fixada por lei e paga pelo orçamento do Estado”, admite.

Ora, se tivermos em consideração que, para Fátima, “a verdade, o rigor, a honestidade, a ética, a deontologia, o exercício do contraditório e as boas práticas na atuação diária” são “pressupostos que têm de estar presentes no trabalho de qualquer jornalista digno desse nome”, é fácil de perceber porque é que os constantes atropelos a esses desígnios lhe têm trazido sentimentos de desencanto e revolta e a vontade de abdicar da profissão. “Não me identifico com muito do dito jornalismo que se faz no nosso país, já que considero ser tudo menos jornalismo”, avança, apontando a “informação-espetáculo”, o “infotainment”, o “sensacionalismo”, a “especulação”, o “encher chouriços” e o “andar a reboque da concorrência” como algumas das tendências mais nefastas para o jornalismo na atualidade.

Aquele que, desde cedo, lhe pareceu ser o ofício a que ia dedicar a sua vida profissional pode, no atual contexto, estar prestes a ser substituído por vocações mais recentes e entusiasmantes. Se, por um lado, Fátima não esconde as dúvidas que a consomem quanto à continuidade de uma carreira no universo do jornalismo, por outro, parece ter já bem presentes “a arquitetura, o design de interiores, a reabilitação de imóveis e a construção de casas” com possíveis alternativas para o seu futuro profissional.

De uma maneira ou de outra, uma coisa parece ser certa: o futuro passará por Santa Maria da Feira. “Eu sou natural de Santa Maria da Feira e vivo em Santa Maria da Feira. A Feira nunca deixou de fazer parte dos meus planos!”, garante.

Em Santa Maria da Feira, Fátima admira “a calma”, o facto de conseguir estar próxima de tudo e, mesmo assim, suficientemente afastada do caos urbano, e, claro, os “muito bons restaurantes”, na cidade e no concelho, onde se podem apreciar refeições reconfortantes. Quanto às mudanças que, no seu entender, são mais prementes, a feirense defende o fim dos parquímetros no centro histórico, a requalificação de algumas estradas “que são uma lástima” e "a criação de centros de cuidados continuados e lares que permitam dar resposta à procura". Tudo isto a acrescentar a um “sonho de miúda” que também gostava de ver concretizado na terra que a viu crescer: “ criar um parque temático medieval – tipo uma EuroDisney medieval – à escala regional, que estivesse aberto o ano todo”, partilha.

Fátima foi uma criança “extremamente curiosa”. “Ainda hoje o sou”, reconhece, lembrando que, quando era pequena, “estava sempre a fazer perguntas, a questionar o porquê de tudo”. “Lia imensos livros sobre diferentes temáticas, estava sempre a ir ao dicionário ver o significado de palavras novas, tinha conversas de gente crescida com os adultos, sendo eu uma pirralha, e argumentava muito, defendia muito os meus pontos de vista, na base das convicções que criava à conta da minha curiosidade”.

Ainda hoje, a jornalista guarda as memórias dessa criança curiosa, deslumbrada com o mundo ainda por descobrir, e da infância “feliz e muito divertida” que passou entre Santa Maria da Feira – terra natal da sua mãe, onde morava – e Paredes de Coura – onde nascera o pai e onde passava férias com as primas. Fátima teve uma infância vivida ao ar livre, marcada pela largueza dos campos, pelo desafio dos montes, pelas brincadeiras nas árvores e com os rebanhos, bem como pela participação nas lides agrícolas a que se dedicavam os avós e os tios.

No que à comunicação diz respeito, as recordações de Fátima remetem-na para os 5 anos de idade. O pai oferecera-lhe um gravador de cassetes onde a pequena Fátima gostava de registar as canções que ouvia e as palavras que balbuciava ao microfone. Na casa da família, “as televisões sempre estiveram ligadas à hora dos principais jornais, ao almoço e ao jantar”, mas, verdade seja dita, Fátima nunca sentiu um particular apelo pela caixinha mágica. “A televisão nunca me fascinou enquanto meio de trabalho. Longe de mim alguma vez ter imaginado trabalhar em televisão”. Quanto à rádio, a conversa é diferente.

“Comecei muito novinha a participar nos passatempos das rádios (porque sentia um orgulho imenso em responder acertadamente às perguntas e em ganhar os prémios associados) e em discos pedidos, para dedicar as canções a familiares e amigos. Um dia, ao participar num desses passatempos da Rádio Águia Azul, perguntei a quem me atendeu o telefone o que era preciso para fazer rádio. Essa pessoa, o António Guilherme, riu-se, achou piada ao facto de uma garota fazer uma pergunta desta natureza e disse-me que a primeira coisa que eu tinha de fazer era visitar a rádio. Combinámos eu ir à rádio nesse fim de semana, passei lá, vi as instalações, fizemos umas brincadeiras tipo teste de voz e, no fim de semana seguinte, eu já estava a coapresentar um programa para miúdos, também com passatempos e prémios”.

Com apenas 14 anos, já fazia “animação, passatempos, discos pedidos e leitura de notícias repescadas de noticiários de rádios nacionais”, descreve, explicando que, “como, na altura, não havia meios financeiros para as rádios locais terem estruturas informativas autónomas, havia esta prática de espécie de ‘plágio’ do que noticiavam as rádios nacionais, ainda que tivéssemos o cuidado de alterar os textos, para não dizermos exatamente a mesma coisa que tinha sido dito nas rádios nacionais”.

Foi neste contexto que percebeu que o jornalismo e, de uma maneira especial, a rádio viriam a tornar-se a sua profissão. “ nunca mais me passou pela cabeça ser outra coisa”. Da Rádio Águia Azul, em Santa Maria da Feira, Fátima passa para a Informedia Rádio, em São João da Madeira; mais tarde, ingressaria na Rádio Renascença, em Lisboa, e na TSF, no Porto; e, apesar de trabalhar em televisão há tantos anos, é a rádio a sua paixão maior. “A rádio é mais sedutora que a TV porque nos permite ter mais autonomia e mais criatividade a trabalhar – já que temos de recriar com sons as imagens que a rádio não mostra – e porque o ambiente da rádio é mais descontraído e mais friendly que o ambiente da televisão”. Se pudesse escolher, era precisamente na rádio que Fátima terminaria a sua carreira jornalística. “Gostava de ter um programa de autor e de fazer médias e grandes reportagens”, afirma.

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