Nem seria preciso Nuno Marques confessar-se para percebermos o quanto este aveirense é apaixonado por aquilo que faz. É de câmara ao ombro que se sente feliz, a captar imagens de pessoas, paisagens, eventos, etc. O amor ao vídeo já lhe valeu um prémio nacional, mas a verdadeira recompensa parece surgir a cada trabalho que Nuno Marques faz.
Este aveirense acaba de ver o seu trabalho reconhecido no Portugal International Film Festival 2019, onde conquistou o “Rising Star Award”, com o seu documentário “Emigrados”. O título diz quase tudo, remetendo-nos para crise dos refugiados no Mediterrâneo. Mas há uma perspetiva em particular que Nuno Marques fez questão de captar e retratar neste documentário: a dos militares da GNR que andaram no Mar Egeu em missão.
“Estive um mês com eles, na ilha grega de Samos, a acompanhar o trabalho de vigilância e salvamento”, enquadra o realizador aveirense. “Foi uma experiência incrível, em que tive a oportunidade de aprender tanto, especialmente no que diz respeito às coisas a que damos valor e que, afinal de contas, até são supérfluas”, testemunha. “Ver uma mãe com uma criança de quatro anos sair de casa, do seu país, e traz toda a sua vida numa pequena mochila”, especifica.
Difícil de apagar da memória é também a imagem “dos refugiados a atirarem-se à água, de noite, em desespero para serem resgatados”, realça. Em breve, “Emigrados” irá estar disponível na plataforma “Vimeo”, mas Nuno Marques não afasta a possibilidade de fazer uma sessão de lançamento oficial, de preferência na sua cidade.
Embora se assuma como aveirense de gema, Nuno Marques nasceu em Coimbra. Apenas porque os pais estavam lá, a tirar os seus cursos. “Vivo em Aveiro desde os dois ou três anos”, sustenta, lembrando que foi também aqui que fez os seus estudos. Formou-se em Marketing no IPAM e, durante vários anos, foi essa a sua grande paixão, uma vez que trabalhou em várias empresas como marketeer.
Como surge o vídeo? “Sou um fanático por filmes e comecei a tentar aprender comprando cursos online”, relata. Adquiridos os conhecimentos técnicos, bastou-lhe começar a fazer os primeiros projetos. “A aceitação começou a ser boa e decidi correr o risco e apostar a 100 por cento nesta área”, conta.
Em 2014, cria a marca e a empresa Logvisuals (sediada em Aveiro) e não tardou a conquistar clientes de renome nacional e internacional, especialmente empresas e agências - o vídeo promocional e institucional é a sua principal área de trabalho. Por isso mesmo, reconhece a importância de ter estudado e trabalhado na área do marketing. “Sei como é que as empresas pensam e o que procuram quando contratam alguém”, destaca.
Tem vindo a partilhar o estúdio com o fotógrafo Eugénio Silva, com quem tem uma parceria que dá pelo nome de “Faces with stories”, um projeto que quer mostrar as histórias por detrás de um rosto e "que tem muita capacidade para crescer”, frisa. A esta parceria soma, também, a da empresa EACampos, "uma das maiores de Portugal nesta área do vídeo", nota.
De mota de Aveiro para a Noruega
Outra das grandes paixões de Nuno Marques é a sua mota. Sem contar com a família, claro está, que ocupa o lugar de topo – as suas duas filhas e a mulher são, garante, o mais importante de tudo.
“Já fiz muitos milhares de quilómetros de mota”, revela. Na certeza de que “milhares” não é, de todo, exagero. Ao volante da sua BMW (1.200 cc) já foi de Aveiro até à Noruega e voltou, viajou “até Marrocos” e percorreu “praticamente toda a Europa”. “Adoro andar de mota”, realça.
Por ora, não tem nenhuma grande viagem programada. “A moto tem ficado para um ou outro fim de semana. Mas, para o ano, quero ver se vou à Noruega participar num workshop de vídeo onde se filmam as auroras boreais. Já é uma coisa que ando querer fazer há muito tempo”, anuncia.
Da lista de objetivos consta, também, a realização de novos documentários. “É algo que desejo muito voltar a fazer”, afiança, admitindo a possibilidade de vir a trabalhar, a curto prazo, em algo dedicado à “cultura ciclista”.
