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Brasileira Badi Assad traz ao FIMUV canções e ativismo

Palcos

A cultura do meu país está refém. ‘Querelas do Brasil’, música de Maurício Tapajós e Aldir Blanc, lançada e imortalizada na voz de Elis Regina durante a ditadura militar, em 1978, denunciava um Brazil – com Z – que suprimia a cultura popular do Brasil – com S. Tudo o que vinha de fora era melhor do que a nossa produção. Hoje, em pleno governo que se molda nos mesmos planos tenebrosos da ditadura que calou a liberdade de expressão na época, comprovamos, com tristeza e indignação, que a governança retornou a esse lugar, com uma atuação que se foca em distanciar o povo de sua incrível riqueza cultural, assim como de todo o poder que ela representa”. É com estas declarações que a artista brasileira Badi Assad antecipa o seu concerto de 23 de outubro em Santa Maria da Feira, no 44.º FIMUV - Festival Internacional de Música de Paços de Brandão.

A direção do certame convidou a também compositora e executante de violão sobretudo pela sua superioridade vocal, já que a edição de 2021 tem no maior instrumento musical da Humanidade a sua grande aposta, mas a artista não se distingue apenas pela sua voz – é indissociável também da resistência cívica com que se opõe à atual política cultural do Brasil. Por isso mesmo, ainda recentemente compilou para o seu canal na plataforma de vídeo YouTube 10 canções censuradas durante a ditadura militar no Brasil (1964-1985) e garante: “É impressionante constatar o quanto todas elas são atuais”.

Para Badi Assad, um dos principais problemas que o seu país enfrenta hoje é assim o ataque aos artistas enquanto agentes com “capacidade amplificadora de pensamento” e reflexão sobre temas como a igualdade de direitos entre géneros, raças, povos indígenas e migrantes, ou as ameaças vigentes às florestas e recursos hídricos do seu país e do próprio planeta. “Infelizmente, todos os órgãos responsáveis pelos cuidados de nosso Património Cultural, Humano e Ambiental têm sido governados por pessoas de mentalidade retrógrada, mesquinha e negacionista”, defende a cantora e também percussionista. “O Brasil é um país gigantesco e é um perigo que ele esteja na linha de frente dos governos internacionais que amplificam pensamentos de Extrema-Direita. É muito doloroso ver que os interesses económicos e de poder de uma nação não dão a mínima para o real cuidado com seus cidadãos. Se for preciso que tratores passem sobre as cabeças do povo, eles não hesitarão. Portanto, é imprescindível que as vozes que têm o poder de denunciar sejam amplificadas. Temos que evitar esta semente com todas nossas forças, sejam elas políticas ou culturais”.

Na lista das melhores do mundo

Natural do estado de São Paulo, onde nasceu numa família já com ligações à música, Badi Assad completou os seus estudos académicos na Universidade do Rio de Janeiro e já em adolescente conciliava a sua formação com espetáculos com os irmãos, também músicos profissionais. Aos 15 anos representava o Brasil num concurso internacional de violão no Chile e aos 23 já gravava o seu primeiro álbum, ainda antes de se tornar conhecida pelos sons que percutia com a boca para acompanhar o instrumento em que se especializou. Hoje, a sua lista de discos inclui 18 títulos, que já deu a conhecer em alguns dos principais festivais e palcos de mais de 40 países. O CD “Wonderland”, gravado em 2006, foi inclusivamente selecionado entre os 100 melhores álbuns da prestigiada editora BBC London e integrou igualmente a lista dos 30 melhores da plataforma de e-commerce Amazon.

Ao longo dos anos, Badi Assad colaborou com artistas como o cantor de jazz Bobby McFerrin e o violoncelista clássico Yo-Yo-Ma, andou em tournée com os guitarristas Larry Coryell e John Abercrombie, e viu as suas canções em bandas-sonoras como a do documentário “Children of the Amazon” (2008) de Denise Zmekhol, a da versão brasileira da série televisiva “Rua Sésamo” e a do filme “It Runs in the Family” (2003), com Michael e Kirk Douglas.

Eleita pela revista Rolling Stone como um dos 70 mestres da história do violão e guitarra brasileira, Badi Assad complementa a sua carreira musical com atividade cívica em contexto cultural: trabalha com a associação norte-americana “Genesis at the Crossroads”, que usa as artes como veículo para a construção da paz, justiça social e ajuda humanitária; é oradora assídua em mesas redondas sobre artes e transformação de conflitos; e coordena o programa de música do Genesis Academy Summer Institute, que reúne jovens de vários países em ações de formação para a liderança.

Para Augusto Trindade, diretor artístico do festival promovido pela associação CiRAC, em parceria com a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa e com o apoio da Direção-Geral das Artes e do Município de Santa Maria da Feira, o concerto da artista brasileira é, por tudo isto, não apenas uma proposta cultural ao preço simbólico de 5 euros, mas também um manifesto de cidadania. “Badi Assad é uma virtuosa violonista, cantora, malabarista vocal e compositora”, refere o violinista e pedagogo.

* Créditos da foto: Alex Ribeiro
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