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O “Bonsucesso” mesmo com desigualdade de apoios

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O Futebol Clube Bonsucesso tem sabido, ao longo dos últimos anos, erigir um projeto desportivo de qualidade, aliado a um crescimento sustentado nas infraestruturas, muito a custo de uma equipa de trabalho liderada por um empreendedor de excelência de perfil académico, Pedro Ribeiro da Silva. O que faz com que ande “nesta vida” quando tem uma agenda preenchida é uma das perguntas que o presidente faz questão de responder. Entre muitas outras, numa entrevista que surpreende pela simplicidade.

Quem é o Pedro Ribeiro da Silva como profissional?

Hoje faço o mesmo que ontem. Uma vida profissional dedicada à paixão pelas cidades e pelos lugares. Tenho o privilégio de, em parte as influenciar através dos planos, mas não mais do que isso, porque são os habitantes que moldam e fazem as suas próprias cidades. Aproveito tudo o que Aveiro me deu e continua a dar, porque de todas as cidades esta é a que me fez olhar vincadamente o futuro, enquanto o Porto me deu a Pátria da infância.

Aveiro deu-me o curso de Planeamento na Universidade, o início da profissão na Câmara Municipal, o bichinho adormecido da política entre a Câmara e a Região de Turismo, a possibilidade de montar a vida e um escritório da minha área e deu-me os melhores anos desportivos no andebol do Beira-Mar. Aveiro deu-me tudo o que tenho. E procuro retribuir, à cidade do meu coração, na modéstia dos meus atos, tudo aquilo que me deu e dá na generosidade de me ter, tão infinitamente bem, acolhido e me ter tornado um dos seus.

Ligações ao Futebol Clube Bonsucesso e à freguesia de Aradas?

Talvez possa dizer que nasceu pelo cinema. Entre as múltiplas coisas que fiz e dirigi, uma que me deixa mais saudades, a par da rádio, foi ter relançado o histórico Cineclube de Aveiro de Vasco Branco, Francisco Lavrador e tantos outros, tendo-me tornado presidente desta instituição. Sempre fui muito adepto do movimento associativo e organizava reuniões com outras associações procurando dar à cultura uma maior expressão no município. Criamos o Fórum Cultural de Aveiro onde estava, entre outras, a ACAD, Associação Cultural de Aradas e, com o saudoso Francisco, o Alferes, o Caprichoso e o Bispo, que eram parte das fortes dinâmica culturais de então, estabeleci uma relação de amizade que dura até aos dias de hoje.

Assim, numa conversa quase cruzada com Rui Bispo, também dirigente do FC Bom Sucesso, me referiu as dificuldades que o clube estava a passar convidando-me a assistir a um jogo a que acedi. Foi numa tarde de domingo, muito ventosa, um conjunto de heróis jogava num campo de poucas condições com a mesma vontade de finalistas da Liga dos Campeões. Falaram-me da necessidade urgente de mais pessoas apoiarem o clube senão o risco de terminar ao fim de mais de 60 anos era real.

Há quantos anos é presidente do FCB e até quando vai o mandato?

O desígnio não era ser presidente da Direção do FC Bom Sucesso mas antes pertencer à mesa da Assembleia Geral por força do meu limitado tempo para as respetivas funções até que, na véspera do ato eleitoral, me telefona o designado presidente a referir que tinha havido um imprevisto e que não poderia assumir já a presidência pelo que tinha falado com os restantes membros da lista e que entendiam que, mesmo com as limitações de tempo conhecidas, deveria substitui-lo na candidatura. Tentei dizer que não. Não consegui. E além disso os membros da lista para a direção eram e são pessoas excecionais de trabalho, dedicação e seriedade que muito me confortou para a decisão final, tomada há cinco anos, que confesso, pelo tanto trabalho realizado, me parecem muitos mais.

O que leva alguém do mundo académico a dedicar tempo a uma associação desportiva, sabendo que muitas vezes, é um mundo que não é bem visto pela área empresarial e do negócio?

Juntam-se vários estímulos pessoais de que já falei, entre o associativismo e o desporto. Estive bem presente no mundo associativo quer cultural, como presidente do Cineclube de Aveiro, quer profissional, como presidente da Associação Portuguesa de Planeadores do Território, quer na AG da ADERAV e antes de tudo na Direção da Associação Académica da Universidade de Aveiro, então Associação de Estudantes. Acredito firmemente no mundo associativo e no modo como juntos podemos criar um mundo melhor.

Tive então todo um ambiente desportivo no meu entorno pelo que o cheiro a balneário, o fervilhar na hora do jogo, as deslocações entre partidas, os treinos vividos como se jogos fossem, deixou esta vontade de voltar a sentir a parte de mim que estava entre parêntesis para volta a fazer parte do texto desportivo que me preenche. Voltar a crescer como cresci nos balneários do CDUP e do Beira-Mar, embora como presidente, seja parcimonioso no que respeita a entrar no sagrado lugar dos treinadores e atletas, que é o balneário.

O que já foi feito nestes anos de mandato?

Começamos pelas urgências de segurança desportiva uma vez que o muro norte que sustentava as terras do estádio ameaçava ruína face ao seu débil estado e à pressão das chuvas sobre a terra que deveria sustentar. Agravado pelo facto de terem aberto duas brechas para os bancos de suplentes que mais agravou a solidez deste muro. Na altura, contra o sol, os atletas tinham de pendurar as camisolas como se estivessem a secar para puderem ver o jogo. Além do perigo havia um aspeto de terceiro mundo que, invejavelmente, em outros municípios já não se via. Mesmo sem apoios foi fundamental substituir o muro e dar segurança a todos.

O segundo ponto foi o de estancar a saída de jovens do clube por o estádio ser em terra batida, já quase sem condições para evoluírem enquanto desportistas, conseguindo dotar o terreno de relva sintética de última geração, através de um plano de investimentos em infraestruturas rigoroso. No Pavilhão, o piso degradado, os balneários em péssimo estado de conservação e as áreas junto à cobertura partidas, a par com a desistência de atletas anunciavam o fim da modalidade do hóquei em patins, pelo que houve um enormíssimo esforço financeiro para melhorar as condições.

Muito poderia ainda falar, desde os novos sistemas de iluminação de eficiência energética, até arranjos da sede.

O que prevê fazer no que falta? Qual o papel da autarquia e dos patrocinadores nesse projeto?

O que falta é sempre muito mais do que o que se faz. O FC Bom Sucesso tem a grande virtude de ser proprietário de um complexo desportivo que mais ninguém tem em Aveiro, estádio, pavilhão e terreno para eventual crescimento, mas também tem um grande problema, que é ser proprietário deste complexo desportivo, porque é demasiado caro mantê-lo.

Na verdade, no desporto em particular, os sucessos são deturpados por desigualdades de apoios, por palavras e compromissos vãos e por supostas seriedades desprovidas de realidade e, por vezes, apodera-se a angústia de se ver a enorme desigualdade com que o clube é tratado, quando deveria o FC Bom Sucesso ser alvo de descriminação positiva por tudo o que tem, nos últimos anos, vindo a fazer.

Falta-nos uma bancada para tornar o estádio minimamente aceitável a todos, falta todo o arranjo da zona nascente do estádio, falta trabalhar a inadequada cobertura do pavilhão, falta mudar o piso do pavilhão face ao inglórios investimentos que se arruínam com as cada vez mais frequentes inundações, falta o arranjo exterior cujo piso está muito degradado, faltam novos balneários, tanto no estádio, como no pavilhão, falta uma solução adequada para o problema das inundações, falta o revestimento exterior do pavilhão, falta tornar todas as instalações adequadas a pessoas com mobilidade reduzida, faltam postes de iluminação para corrigir a incidência da luz e acabar com tantas zonas sombra... Falta muito, falta tanto. Falta tudo o que ainda não se fez e o que ainda não se fez é, como comecei por dizer, muito mais do que o que se fez.

No hóquei, o Bonsucesso continua a ser uma referência como escola, mas em termos de resultados tem tido pouca visibilidade. É um problema?

Quase todas as referências tem um lado B ou se quisermos, paradoxos a resolver. Este caso não foge à regra. Na verdade, a meteórica ascensão do clube à divisão principal do hóquei nacional projetou-o para horizontes incomparáveis de então para cá, porém, o contexto da sua decadência, arrastou o clube para dificuldades que ainda hoje se fazem sentir. Por isso, sempre se diz nesta casa que importa garantir a sustentabilidade de cada decisão, de cada passo e de cada ação.

Os resultados que dão maior visibilidade são os seniores pelo acompanhamento jornalístico que dão à sua atividade. Tivemos, em regime experimental, já dois anos de seniores, mas as falhas ainda visíveis nos escalões de formação de idade superior não conseguem ainda alimentar uma equipa sénior. A filosofia é idêntica com a do futebol onde maioritariamente é a formação que dá conteúdo às equipas seniores. Assim, chegará o momento em que, os nossos jovens, chegados à idade própria, colocarão de novo, mas agora de forma sustentada, o hóquei do Bom Sucesso na posição que não desmereça o histórico positivo que outrora alcançou.

Há enormes sucessos nas escolinhas, bambis, sub 9 e sub 11 que não são conhecidos do grande público por uma política da Federação Portuguesa de Patinagem, a meu ver corajosa e correta, que é a de os resultados dos jogos não serem conhecidos e apesar de jogarem todos contra todos não existir uma tabela classificativa final. Este modelo chama-se jogar para formar.

A nossa secção não tem deixado de inovar. A equipa feminina de formação é única a disputar os campeonatos conseguindo levar atrás de si uma imensa onda de entusiasmo e numa altura em que há muitas interrogações sobre a viabilidade do hóquei em patins em Portugal.

No futebol, com a aposta na formação dos últimos anos, surgiu uma equipa sénior. Qual o balanço neste final de primeira volta?

Com a definição de um momento de um ciclo de formação mais longo decidiu-se reatar o futebol sénior constituído quase na totalidade por atletas do clube. Está é a filosofia do projeto e não há outra forma de concretizar o desígnio do futebol sénior ou de qualquer outra modalidade que não seja o que for assente na própria formação.

Os resultados, como é óbvio, neste primeiro ano de regresso e face à estratégia formativa que está por detrás da formação da equipa, não são o mais importante, mas desde o princípio se sabia que dignificar o clube seria lutar sempre e em qualquer lugar pela vitória possível.

Sem as pressas que são más conselheiras, a par de um forte investimento no que falta para a qualificação das infraestruturas, creio podermos vir lutar por objetivos desportivos mais ambiciosos que passarão, de forma sustentável, por chegar aos campeonatos nacionais.

Numa altura em que os patrocínios são, mais do que nunca, fundamentais, a marca Bonsucesso é vendável?

A verdade é que é muito difícil encontrar patrocínios e a boa gestão do clube quer contar com eles mas na exata medida da sua longevidade preterindo os de caráter efémero, pela óbvia razão de que não permitem executar planos a médio e longo prazo. Neste sentido, importa continuar a trabalhar para que a comunidade empresarial tenha a confiança de que o apoio ao clube seja efetivamente encarado como investimento nos jovens que serão o futuro de amanhã.

Não posso nem devo esquecer o apoio à atividade regular por parte da Câmara Municipal, faltando agora bem definir os apoios ao investimento na qualificação do Campus Desportivo. Uma palavra também para a dimensão próxima da Junta de Freguesia de Aradas que, ainda que o clube tenha geografias de atividade mais vastas, não deixa de ser o órgão autárquico mais próximo da sede e das instalações do clube.

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