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Casa Caracas: nem todas as lojas históricas têm um final infeliz

Sociedade

Fundada em 1970, casa de utilidades de Estarreja teima em manter as portas abertas. 

 

 

Numa altura em que somos constantemente confrontados com títulos de notícias a anunciar o fecho de lojas emblemáticas – muitas vezes para dar lugar a alojamentos locais -, a história da Casa Caracas surge como uma espécie de lufada de ar fresco. Um verdadeiro exemplo de resiliência, empreendedorismo e respeito pelo legado de quem ousou dedicar a sua vida a servir a comunidade local. Fundada em 1970, esta casa de utilidades de Estarreja teima em manter as portas abertas, nem que seja só a tempo parcial e com muito esforço dos três filhos do seu fundador, Alberto Figueira Pinho, um filho da terra que esteve emigrado na Venezuela – já se consegue perceber onde foi buscar inspiração para o nome da loja.

Assim que entramos no número 117 da Rua Dr. Alberto Vidal, bem no centro de Estarreja, vem-nos à memória a imagem dessas lojas de outrora onde era possível encontrar praticamente tudo. Pilhas, pequenos eletrodomésticos, candeeiros, artigos decorativos, brinquedos, termos, etc. No conceito de utilidades cabe uma infinidade de artigos e em cada uma daquelas estantes também. Na parede atrás do balcão, há dois retratos que nos devem merecer todo o respeito: Alberto Pinho e a mulher, Maria da Glória, falecidos em 2012 e 2016, respetivamente, e que dedicaram grande parte da sua vida àquela casa comercial.

“Quando regressou da Venezuela, o nosso pai comprou o trespasse de uma loja que tinha algumas utilidades domésticas e desenvolveu o negócio. Ia à casa das pessoas e verificava as necessidades”, introduzem Carlos Figueira e Manuel Marques, os dois filhos mais novos de Alberto e Maria da Glória – a diferença nos sobrenomes deve-se ao facto de um ter nascido na Venezuela e outro não. “Ainda hoje as pessoas têm em casa botijas de gás, fogões, candeeiros, alcatifas, que iam daqui. Inclusive a Quimigal, na altura em que não havia gás canalizado, éramos nós que distribuíamos as garrafas grandes para a cantina dos funcionários”, acrescenta.

Carlos, Manuel e também o irmão mais velho, José Alberto Marques – têm 50, 56 e 58 anos, respetivamente –, cresceram a ver o pai a “orientar e a fazer crescer o negócio”. E sempre que era necessário, e os estudos assim o permitiam, davam uma ajuda. “Também entregávamos e montávamos antenas”, recordam”.

Os primeiros anos da Casa Caracas foram passados na Rua dos Bombeiros Voluntários até que, em 1986, Alberto Pinho adquire o espaço atual. “Entretanto, o nosso pai faleceu, em 2012, e a nossa mãe ficou aqui. Nessa altura, nós adaptámos os nossos horários. Ao fim do dia e ao sábado começámos a vir para cá para a ajudar”, contam. Em 2016, foi a vez de se despedirem da mãe e de assumirem sozinhos a responsabilidade de manter o negócio.

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Ainda que tivessem os seus empregos e famílias, Manuel, Carlos e José Alberto não ousaram pensar sequer em fechar portas, mantendo a Casa Caracas aberta no horário que lhes era possível. “Temos estado a abrir das 17h30 às 20h00 e ao sábado, durante todo o dia. E as pessoas reorganizam-se para poder vir”, especificavam. Na altura em que a Aveiro Mag por lá passou, estavam a começar a pensar abrir a tempo inteiro, uma vez que a situação profissional do Manuel já lhe permitia dedicar-se ao negócio em exclusivo.

 

 

O verdadeiro marketeer

Os três irmãos admitem sentir a responsabilidade de manter o legado dos pais, mas também confessam sentir “o gosto pelo negócio”. “Principalmente o meu irmão Manuel, que é o que está mais tempo aqui, tem essa experiência e não vai deitá-la borda fora”, nota Carlos. Por experiência, entenda-se estratégia comercial e capacidade de atrair a clientela. Tal como viram o pai fazer. “Ele [Alberto Pinho] era muito empreendedor. Tinha estado em Lisboa, no Porto e depois foi para Caracas, que na altura era muito pujante. E depois veio para cá aplicar todo esse conhecimento. Tornou o seu negócio numa loja de referência”, vincam.

Alberto Pinho não perdia uma oportunidade para fazer publicidade à sua loja. “Comprou uma carrinha Volskswagen T1 para levar mercadoria e mandou colocar o nome Casa Caracas”, exemplifica. O veículo de 1957 ainda hoje existe e é uma imagem de marca da casa. “Volta e meia as pessoas perguntam por ela. Dizem que é património de Estarreja”, relatam, lembrando os tempos em que o pai aproveitava “uma festa nas freguesias e deixava a carrinha num ponto estratégico para as pessoas verem”. “E fazia faixas de publicidade, pedia à autorização e colocava lá. Era marketing”, acrescentam. Outra estratégia comercial passava por “ter uma montra cheia de brinquedos, porque a criança chama o pai”, regra que Manuel, Carlos e José Alberto fizeram questão de trazer até aos dias de hoje.

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