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Bernardo Pires e a felicidade em forma de basquetebol

Modalidades

Há destinos que parecem traçados desde o primeiro dia. Mesmo que não se queira ou que, num determinado momento da nossa vida, os caminhos pareçam que nos levam para um destino diferente. Bernardo Pires é treinador de basquetebol, profissional, aos 29 anos, e tudo parece natural até porque é filho de Alexandre Pires, também ele treinador da modalidade.

Tudo faz sentido desta forma, pensamos, tendo em conta os tais provérbios ou ditos populares do “filho de peixe sabe nadar” ou “quem sai aos seus…”. Mas podia não ser assim. Podia ser tão diferente. À Aveiro Mag, Bernardo, que ainda há pouco tempo representou Portugal, como selecionador nacional, no campeonato do Mundo de 3x3, decidiu apenas que queria ser o que pudesse ser no Basquetebol seis meses depois de ter entrado na Universidade de Aveiro, em Engenharia Civil.

A decisão de ser treinador

“Foi um momento difícil. Chegar a casa, seis meses depois de entrar no ensino superior, e dizer aos meus pais que não queria mais estar ali, em Engenharia Civil, e que não me via a fazer aquilo o resto da minha vida. Esse foi, sem qualquer dúvida, o primeiro clique. Nos seis meses seguintes, só dei treino e joguei basquetebol, no Beira-Mar, e foi aí que tive a certeza que era isso que queria fazer”, explica.

Onze anos depois, e dando um salto grande na história, começando pelo presente, Bernardo Pires esteve presente como selecionador nacional no primeiro Campeonato do Mundo de Basquetebol em 3x3, uma modalidade que já é olímpica e que está em franco crescimento a nível mundial.

No top 8 mundial

“Estar num campeonato do Mundo foi espetacular. Para dizer a verdade só lá, na competição, é que percebi onde estava, o impacto que tinha, o que fiz para lá chegar. As sensações foram muito boas e a aprendizagem o melhor. Competimos com os melhores, jogámos contra as equipas de topo, discutimos todos os jogos, evoluímos muito. Todos nós. E esse sentimento é indescritível”.

No grupo de Portugal estava o Quirguistão, a Mongólia, o Chile e a Letónia. Três vitórias contra os três primeiros e a derrota frente à Letónia, apurou Portugal para os quartos de final da prova, onde encontraram os favoritos da Lituânia. Um deslize, e a formação lituana arrancou para a vitória. “Foram 35 segundos difíceis, que ditaram a derrota, contra uma equipa mais experiente”, admite Bernardo, que ainda assim, assume que o balanço “só pode ser positivo”, até porque o resultados permite aos jovens atletas (Salvador Victo – Imortal -; Tomás Labucha -F. C. Barreirense -; Filipe Dionísio – Braga - e o Danilo Horta – Sporting) a entrada no alto rendimento, tendo mais hipóteses, em “carreira Dual” de conseguir dedicar “mais tempo ao treino e à modalidade”.

Do Beira-Mar ao Imortal

Nas últimas quatro épocas, Bernardo Pires é treinador profissional no Imortal de Albufeira, onde treina os Sub18 e os Sub23 e coordenador técnico da formação: “dou 14 treinos por semana e faço dois jogos ao fim de semana. Mas faço-o com a convicção de que estou onde quero estar, onde sou feliz. Só assim posso, acredito, causar impacto na vida dos jovens que treino”.

Mas custou, aos 25 anos, sair de casa e ir para o Algarve, sozinho, e arriscar uma carreira no basquetebol? A resposta é sim, naturalmente. Mas Bernardo recorda uma conversa com o pai, Alexandre Pires: “Ele perguntou-me quando eu decidi que era isto que queria fazer, se eu tinha a noção do que isto exigia. Eu, levianamente assumo, disse que sim. Estava convicto da minha decisão, como estou hoje, mas é um facto que este verão só tive doze dias em casa e durante o ano só fui três vezes a Aveiro. Tem um preço a pagar, mas compensa se for feliz. E sou”.

E deixar a família? “Foi duro, muito. Não sou um menino mimado, mas mesmo quando estudava ia comer a casa da minha avó, com quem tenho uma relação especial. E sempre estive em casa, e no treino, com os meus. Com a minha família e os meus amigos. Foi difícil deixar a minha mãe com o meu irmão e a minha irmã, porque o meu pai também está fora. Mas tive de sair para tentar conquistar o meu sonho”.

Do Illiabum ao título nacional

Antes de ir para o Imortal, Bernardo Pires esteve como treinador no Beira-Mar durante três épocas. Na segunda, como jogador, foi forçado a deixar de jogar, por causa de uma lesão. Esse percalço, se assim se pode dizer, reforçou a ideia de se dedicar ao treino. No último ano desse período, foi só treinador e não esquece de quem o ajudou.

“Nessa época fui profissional. E num contexto difícil, no Beira-Mar, porque não é fácil encontrar receitas para pagar alguém a tempo inteiro. Quero agradecer, porque não esqueço, ao Francisco Dias e ao João Lamas pela aposta que fizeram em mim. Foi uma aposta que teve sucesso desportivo – mas podia não ter – pois fomos campeões nacionais de sub19 masculino. E esse título soube sempre bem, porque foi um projeto de três anos, em que no primeiro ano não éramos bons, no segundo também não, mas no terceiro conseguimos. E isso deveu-se, sobretudo, a treinarmos muito, sempre, provando que, se se trabalhar no limite, estamos sempre mais perto de alcançar o sucesso”.

Um sucesso de percurso que, um dia, começou aos 18 anos de idade, no Illiabum, onde os primeiros treinos foram dados no minibasquetebol. “Sempre gostei de treino e de dar treinos aos mais novos. E daí ter começado nesse patamar. No Illiabum fiz um período regular e em crescendo, passando por muitos escalões como adjunto e treinador principal. Até sair para o Beira-Mar. Mas foi em Ílhavo que tudo começou”.

O futuro, obrigatoriamente, feliz

E agora, qual o caminho? Qual o objetivo de carreira? A pergunta impõe-se e a resposta não tarde: “ser feliz, sempre”. Mas a felicidade está sempre em causa, com uma derrota, ou um projeto mal ponderado. Bernardo Pires sabe-o, mas também sabe o que quer, e isso pode fazer a diferença.

“Quando saí do Beira-Mar tive uma proposta da Dinamarca. Treinar seniores e coordenar a formação. Mas, para mim, ia treinar pouco. E isso não serve. Quero sempre treinar muito, colocar os atletas e a mim à prova. A cada treino. A cada jogo. Tenho sempre a vontade e o intuito de aprender. Este ano tive um convite do Benfica. Mas ainda não é a hora certa. Estou num projeto de qualidade. Quando cheguei era o único profissional. Agora somos seis. E também não preciso de treinar seniores para me sentir realizado. Até porque ainda acredito que faço a diferença e que tenho impacto na vida dos jovens atletas. Enquanto sentir isso, quero treinar formação. Não sei, por isso, para onde vou. Nem quando. Mas sei, também, que um dia vou sair de Albufeira. Se para Portugal ou para o mundo, logo se vê, mas tem de ser para um projeto de qualidade, porque acima de tudo, tenho de ser feliz. A treinar basquetebol”.

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