Diogo Carvalho, atleta olímpico do Clube dos Galitos de Aveiro, acredita que o pior já passou. A preparação ainda decorre de forma limitada, por força da pandemia que quase virou o mundo ao contrário, mas já se registaram alguns progressos que permitem olhar para o futuro com mais otimismo. “Neste momento, já consigo ter um dia mais normal do que há dois meses. Já posso conviver com os meus pais, treinar uma vez por dia e jantar fora. Apesar de todas as condicionantes, como usar máscara e desinfetar sempre, já estamos a voltar ao dia a dia”, diz Diogo Carvalho que, mesmo na fase de confinamento, nunca esteve parado.
O nadador aveirense tinha uma autorização especial do Comité Olímpico de Portugal, da Federação Portuguesa de Natação e do Clube Galitos de Aveiro que lhe permitiu continuar a preparação, apesar de estar sozinho e sem acompanhamento de nenhum treinador. Nessa altura, recorda, ainda não tinham sido cancelados os Jogos Olímpicos nem o Mundial de Piscina Curta.
Atualmente, Diogo Carvalho consegue realizar um treino de água de cerca de uma hora, mais uma sessão de uma hora de ginásio por dia. “Permite manter o corpo saudável e “fit”, pronto para receber grandes cargas", mas, reconhece “é ainda muito limitativo no ponto de vista competitivo internacional”. O futuro é encarado, apesar de tudo, com confiança. Para trás ficam os dias mais difíceis como quando, para reduzir custos, o clube teve que desligar o aquecimento de água da piscina e do meio ambiente. “Vi-me obrigado a vestir um fato de águas abertas para poder nadar e sentir o meio aquático”, lembra.
Jogos Olímpicos são o grande objetivo para 2021
Os Jogos Olímpicos de Tóquio, adiados para 2021, são a sua grande meta no horizonte mais próximo. Será, a confirmar-se, a quarta participação em Jogos Olímpicos do nadador aveirense. Depois da estreia em 2008, com apenas 20 anos, em Beijing, na China, seguiram-se, quatro anos depois, Londres, Inglaterra e, em 2016, o Rio de Janeiro, no Brasil.
A pandemia acabou por determinar que 2021 seja um ano bastante complexo de acordo com a planificação de treinos e competições já conhecida. Estão definidas quatro provas que Diogo Carvalho classifica de “importância extrema”: O Europeu de Piscina Longa, em maio, os Jogos Olímpicos, em agosto, o Europeu de Piscina Curta, em novembro, e o Mundial de Piscina Curta, em dezembro. “Obviamente que os Jogos Olímpicos são o expoente máximo de qualquer atleta, e estamos a trabalhar para que possa estar presente. Serão as quartas olimpíadas com mínimo A”, sublinha.
Diogo Carvalho, atualmente com 32 anos, ainda não tomou nenhuma decisão em relação aos anos seguintes, mas, para já, não pensa nos Jogos Olímpicos de 2024, em Paris. “Tóquio será, provavelmente, a minha última presença olímpica. No entanto, não será a minha última internacionalização pelas cores de Portugal”, assume.
O nadador aveirense continua, entretanto, a reclamar a melhoria das condições para a prática da alta competição em Portugal. Em termos de infraestruturas, e dando o exemplo de Aveiro, Diogo Carvalho lembra que não existe, uma piscina de 50 metros como em Lisboa, no Porto ou até mesmo em Vila Real de Santo António, ou um ginásio dedicado apenas a atletas”.
Para além disso, o próprio sistema académico universitário “não está atento aos problemas, responsabilidades, e compromissos dos atletas de alta competição”. “Isto não é um problema da nossa cidade. É nacional”, sublinha, acrescentando que a "massificação da população está vincada no futebol". "É um desporto de grandes proporções, com muitíssimo dinheiro envolvido, mas não podemos esquecer as outras modalidades que trazem títulos internacionais e prestígio ao país. Penso que temos de nos apoiar todos uns nos outros", defende.
Orgulho em representar os Galitos
Diogo Carvalho não esconde o “enorme orgulho" de representar as cores do seu clube de sempre, já lá vão 26 anos, o Clube dos Galitos de Aveiro. “Este ano subimos novamente à primeira divisão, onde honestamente, lutaríamos pelos seis melhores clubes de Portugal”.
No plano individual, Diogo Carvalho espera ter condições para dar o seu o melhor contributo possível para conquistar títulos regionais e nacionais para ajudar um clube que “sempre se focou na formação de atletas, e, posteriormente, em dar as melhores condições possíveis a quem se quer dedicar a ser um atleta de alta competição".
Aos mais novos que gostavam de seguir as suas “braçadas”, Diogo Carvalho dá a receita que os pode conduzir ao sucesso. “Se é o que gostam mesmo de fazer, sejam focados, determinados e responsáveis. É uma modalidade difícil, para nós como atletas, porque passamos uma vida na piscina a contar azulejos de um lado para o outro, vezes sem conta, mas também para a nossa família que nos acompanha e nos leva aos treinos das 6 da manhã e competições”, lembra. O apelo à capacidade de trabalhar no limite é, por isso mesmo, decisivo. “Tudo na vida se faz com sacrifício, e vão ver que no final vai valer muito a super dedicação e trabalho”, garante.
