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Rui Moura, do Aeroclube de Aveiro às portas do espaço

Sociedade

Para Rui Marques Moura, engenheiro geólogo, professor da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto e piloto de aviões nos tempos livres, o céu não é o limite – pelo contrário. Diz ser um “produto de Aveiro" e está, desde 2016, a reunir competências para viajar até ao espaço enquanto astronauta suborbital.

Curioso e com o bichinho da aviação em si alojado desde muito cedo, foi em Aveiro que Rui, enquanto estudante de Engenharia Geológica, se fez às nuvens pela primeira vez. Recorda, com carinho palpável, o dia em que rumou ao Aeroclube de Aveiro e, sob as asas do Sr. Vidal e de António Carneiro, abraçou o desafio de aprender a voar. “O amor pela aviação começou aí, em Aveiro”, conta, “tanto do ponto de vista académico como do de formação aeronáutica.” Um amor escrito a tinta permanente que o levou a fazer vigilância de fogos florestais como piloto voluntário e a participar em diversos campeonatos de acrobacia aérea.

Hoje, o entusiasmo estende-se para lá do céu. Em 2016, completou, na Flórida, um curso de qualificação do PoSSUM, um programa desenvolvido com o apoio da Agência Espacial Norte-Americana (NASA) que pretende formar astronautas suborbitais para fins científicos. Em menos de um mês, os 14 participantes – de vários sítios do mundo, muitos já com formação aeroespacial – manipularam fatos espaciais, fizeram simulações numa câmara hipobárica e tiveram treino de acrobacia aérea, entre várias outras coisas, com o intuito de se capacitarem enquanto astronautas orientados para o estudo da camada superior da atmosfera, a mesosfera.

É esse sonho – de fazer investigação científica às portas do espaço – que Rui continua a alimentar, ao participar em diferentes cursos e treinos no exterior. “Nunca estou satisfeito porque descubro que há sempre qualquer aspeto sobre o qual gostaria de saber mais”, explica o docente. Neste momento, está a trabalhar no desenvolvimento de um fato espacial e de ferramentas científicas que poderão ser utilizadas pelos próximos tripulantes espaciais na recolha de amostras na lua.

Aveiro no espaço

Rui Moura viveu em Inglaterra mas diz ser um “produto de Aveiro”. Estudou na Escola Secundária José Estêvão e ingressou na Universidade de Aveiro (UA), em Engenharia Geológica, onde completou também um Doutoramento em Geociências. Foi na cidade dos moliceiros que ganhou asas e conhecimento e, mesmo tendo iniciado um percurso na Faculdade de Ciências do Porto em 1998, continua a ser aqui o seu refúgio. “É um sítio onde me sinto bem porque dá para descansar mas, ao mesmo tempo, está perto de tudo. Não é uma cidade parada”, diz. “Tem alguma atividade científica”, acrescenta, reforçando que colabora frequentemente com colegas da UA. Para os jovens aveirenses, a mensagem é positiva: “Aveiro é um sítio onde qualquer pessoa que tenha a ambição de ir ao espaço tem todos os ingredientes para se formar”, garante Rui, que afirma nunca se ter sentido em desvantagem quando entre colegas estrangeiros formados em universidades de grande prestígio. “A minha formação de base – o somatório do ensino secundário, universitário e pós-graduado – não fica a dever nada ao MIT ”, diz. A diferença, porém, está nas oportunidades de financiamento.

Hoje, com 50 anos – curiosamente, o número de primaveras que separam 2019 da primeira pegada na lua –, Rui mora num apartamento perto de Aveiro, com a esposa e a filha, de olhos bem postos no ar.

Preparado para um voo até ao espaço

Um voo cujo destino é o próprio trajeto – porque não? A Virgin Galactic (do multimilionário Richard Branson) e a Blue Origin (de Jeff Bezos, CEO e co-fundador da Amazon) são duas empresas que se encontram muito próximas de levar ao espaço turistas – e não só. Um voo suborbital, que custará entre 200 e 300 mil dólares, poderá ter também um propósito científico, possibilitando a realização de experiências para caracterizar a mesosfera, camada que faz fronteira com o espaço exterior. Rui diz-se preparado para uma viagem enquanto astronauta suborbital. O desafio está agora em conseguir quem apadrinhe um voo destes. O docente garante, porém, que, mesmo que não consiga integrar uma missão espacial tripulada, já valeu a pena. “Já transmiti esse sonho”, acrescenta.

O espaço entre quatro paredes

Quem diria que do espaço se avista o Douro? É no edifício histórico do Observatório Meteorológico da Serra do Pilar, poisado numa elevação junto ao rio, que se encontra o Instituto Geofísico da Universidade do Porto (IGUP), onde Rui Moura leciona e inaugurou, em 2017, uma exposição que celebra o espaço. O objetivo, diz-nos, é despertar a curiosidade dos mais jovens pela ciência e tecnologia e multiplicar a oportunidade única da sua participação no projeto PoSSUM. “Sendo professor universitário, quis partilhar a experiência não só com a comunidade universitária mas também com quem procura a resposta à questão ‘o que é que eu quero fazer na Universidade?’”, conta. “Chamei-lhe ‘Fragmentos do Espaço’, porque, no fundo, é isso – pequenas pecinhas do espaço que dão para contar a história de tudo o que está à volta”.

Entre os vários fragmentos, encontram-se um fato espacial russo, uma refeição húngara vintage, um sumo em pó, uma pasta de dentes russa (feita para ser engolida), a válvula de um motor idêntico ao do foguetão que levou a Humanidade à lua, uma unidade de memória com testes do veículo da Apollo 17, uma camisola interior de astronauta (desinfetada e ignífuga), uma luva de um fato autêntica assinada por Mikhail Kornienko, cosmonauta que passou 340 dias no espaço e esteve no IGUP em Abril deste ano, e um modelo à escala real do Sputnik-1?, construído por Rui Moura e inaugurado na data de visita de Kornienko.

E porque o espaço evoca o imaginário das pessoas, granjeando território na arte, Rui decidiu juntar aos objetos da exposição diferentes quadros e posters alusivos ao mundo para lá do nosso.

Hoje, a exposição, fruto dos seus contatos e investimento, é visitada por grupos, maioritariamente de estudantes, e procura inspirar. “Digo-lhes que, se eu não conseguir ser um tripulante espacial, que, pelo menos, inspire alguém a sê-lo”, conta o docente que nunca ambicionou o papel de embaixador do espaço em Portugal mas que, quando em encontros com crianças e jovens, acaba por sê-lo.

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