Pela primeira vez em quase 30 anos de jornalismo, esta quarta-feira fiz greve. Uma hora, entre as 14h00 e as 15h00, para me solidarizar com os colegas do grupo Global Media. Dito assim, parece uma coisa distante, um grupo que está bem longe, mas a verdade é que, para nós, jornalistas aveirenses, o Global Media tem vários rostos. Tem o rosto da Salomé, da Zulay, do João Paulo, da Maria João, da Sara e do Rui – peço desculpa se me estou a esquecer de alguém. São rostos que há muito tomámos como companheiros, nalguns casos amigos, e que têm dedicado grande parte da sua vida ao jornalismo.
Se continuamos a ver o nome da nossa região nos órgãos de comunicação nacionais, são eles, em parte, os grandes responsáveis. Insistem e persistem em contrariar essa maré que só quer confluir para Lisboa e Porto, lutando para que as outras regiões – neste caso, a nossa – não desapareçam (ainda mais) do mapa de informação nacional. E o mais provável, atendendo àquilo que é a realidade de grande parte dos jornalistas profissionais, é que o façam sem o devido reconhecimento salarial.
Muito se tem escrito nos últimos dias sobre a crise do grupo Global Media e a necessidade de se criar um debate alargado sobre o jornalismo e os órgãos de comunicação social em Portugal. Concordo. E a 100 por cento. Sem perder o foco na luta dos nossos colegas – em especial da Salomé, da Zulay, do João Paulo, da Maria João, da Sara e do Rui -, porque ainda não é tempo de baixar os braços, urge olhar para o sector como um todo.
Mas antes de qualquer discussão – já andamos todos um bocado cansados de frases bonitas, e que não dão em nada, sobre os média -, seria importante que cada cidadão fizesse o seu “ato de contrição”. O que é que fizeram no último ano em prol de um jornalismo livre? Sem esquecer os meios de comunicação locais, claro está, que vão sentindo a crise de forma ainda mais intensa.
Esta dor é da Aveiro Mag – ainda recentemente, aquando da apresentação do novo site, lançámos uma campanha de apelo à contribuição dos leitores e muito poucos acederam ao nosso desafio -, mas também é dos nossos “concorrentes”. Quantos de vocês assinam o Diário de Aveiro, o Jornal da Bairrada ou O Ponto? E de que forma contribuem para a sustentabilidade da Rádio Terra Nova que, diariamente e de forma gratuita, nos faz chegar as notícias da região? E ao Notícias de Aveiro, quanto têm doado? Podia continuar a citar mais alguns exemplos, mas o essencial está dito: paguem pelo jornalismo. Com 1 euro por mês podem fazer toda a diferença.