Numa altura em que muitos procuram conforto na cultura, há espaço para boas notícias: a primeira temporada da série “Idiotas, ponto”, exibida na RTP2 em 2018, será reposta com exibição de dois episódios por semana, às terças-feiras, às 22:45, na RTP 1.
A novidade surge como “uma lufada de ar fresco” em tempos particularmente difíceis para o universo da cultura, em que esta parece ter de se reinventar. A série, da autoria de Diogo Lopes, conta com treze episódios de 30 minutos, que, nas palavras do ator Duarte Grilo, “nos permitem, ainda que por alguns minutos, escapar de todas estas notícias, de todo este alarme e este estado de alerta”.
A história, plena de humor, centra-se em três amigos egocêntricos, com tendência para sobre-analisar e discutir as pequenas coisas do quotidiano. Amigos que, em debate constante com os problemas da vida adulta e com perspetivas algo distorcidas e julgamentos precipitados, acabam por ser constantemente arrastados para uma espiral de mal-entendidos.
Duarte Grilo, o ator com raízes em Aveiro, é um dos três idiotas. Na série, veste brilhantemente a pele de João, um advogado ambicioso e sem escrúpulos, com traços narcisistas e manipuladores e uma sede insaciável de controlo. A ele, juntam-se Salvador Sobral, na personagem de Rui, jovem solteiro e sedutor, e André Nunes, no papel de Carlos, um contabilista com uma tendência para um descarrilar das coisas no dia a dia.
À conversa com a Aveiro Mag, Duarte Grilo conta que “é satisfatório perceber que a série tem qualidade suficiente para ser considerada para um horário ‘quase nobre’, num dia de semana. É também uma lufada de ar fresco para estes tempos em que vivemos...E talvez seja (mais) um empurrãozinho para a segunda temporada”.
Fotografia: RTP
O ator, que mais recentemente participou em projetos, como “Amadeo”, de Vicente Alves do Ó, e “Rapaz do Tambor”, um telefilme incluído no projeto Trezes, da Marginal Filmes, para a RTP 1 ( ambos ainda por estrear), explica que, “como as pessoas facilmente se identificam com as situações e peripécias, os “Idiotas, ponto” são como aquele olhar de fora que temos sobre nós próprios. Ainda que as situações sejam exacerbadas propositadamente… Muita gente se identifica, identifica os seus pares ou próximos e identificam o ridículo de algumas situações do dia a dia”.
E, em tempos de pandemia, a série pode ser um espaço seguro para os espetadores, conta. “Tem muitas situações que são comuns a todos.A maior parte de nós, já passou por alguma daquelas situações, ou pensou como algum dos personagens, em algum momento da vida.E, num momento destes, rir é importante.É tão bom quando, no meio de tanto alarme, há ainda alguma coisa que nos faz rir, mas também é preciso que estejamos dispostos a isso.”
As terças-feiras à noite passam, assim, a ser um momento de fuga às preocupações que nos assolam e um portal para o universo de três amigos que, com todas as suas peculiaridades, nos fazem sentir próximos enquanto pessoas carregadas de passado, presente e futuro.
* Créditos da foto de capa: RTP